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Sinopse

Depois de uma longa carreira como matador de aluguel, Martin Terrier pretende se aposentar e passar o resto da vida ao lado de sua amada. Mas quando ele descobre que está sendo traído por pessoas de sua confiança, começa uma viagem por toda Europa para acertar as contas com cada homem que tentou trapaceá-lo.

Crítica

Antes de mais nada, um esclarecimento: este novo O Franco-Atirador não é uma refilmagem do clássico de 1978 estrelado por Robert De Niro e vencedor de cinco Oscars, inclusive o de Melhor Filme. Na verdade, trata-se mais de um thriller de ação bem ao estilo daqueles feitos aos borbotões por Luc Besson – aliás, é curioso não ver o nome do cineasta francês nos créditos. Mas a impressão não é equivocada, afinal o diretor Pierre Morel é um dos seus pupilos, e entre os produtores está o veterano Joel Silver, responsável tanto por sucessos como a trilogia Matrix quanto por genéricos como Sem Escalas (2014) e Alvo Duplo (2012), entre dezenas de outros iguais. E é triste constatar que este seu mais recente esforço se encaixa melhor neste segundo time do que para o primeiro.

A única razão de se assistir à O Franco-Atirador, como se pode imaginar pelo cartaz, é a presença de Sean Penn como protagonista. Aliás, ele também está envolvido na produção e até mesmo no roteiro, o que deixa claro o nível do seu envolvimento. Aqui ele é Martin Terrier, um atirador de elite que está no Congo atuando como mercenário para um cliente secreto. Após receber a missão de eliminar o Ministro das Minas do país, precisa fugir e se reinventar com uma nova identidade, bem longe dali. O que ele não sabe, no entanto, é que este, na verdade, foi um golpe armado por um dos seus colegas, algo que só se dará conta anos depois, quando, de volta à África, tentam assassiná-lo. Trata-se, portanto, de uma queima de arquivo. E ele precisa descobrir quem quer vê-lo silenciado antes que seja tarde demais.

Essa linha narrativa, se tratada com a devida atenção, já seria suficiente para termos um filme no mínimo interessante. Mas Morel não se satisfaz, e mais elementos são adicionados ao enredo. Estes, no entanto, acabam funcionando mais como distrações do que contribuindo com o avanço das ações. Há um clichê amoroso sobre um companheiro de atividades (Javier Bardem, péssimo) que está de olho na namorada de Penn, vivida pela italiana Jasmine Trinca (presença frequente em filmes de Nanni Moretti, como O Crocodilo, 2006, e O Quarto do Filho, 2001). Há ainda um melhor amigo com talentos para soluções ilegais (Ray Winstone, mal aproveitado) e um agente secreto que chega apenas no último minuto para – tentar – salvar a pátria (Idris Elba, o mais perdido em cena). Em resumo, é o velho esquema de gato e rato, com perseguições, tiroteios, muitos feridos e o herói apanhando até não poder mais, para que naquele momento em que as esperanças parecem não mais existir, tudo se resolva em dois toques. Com direito à final feliz, é claro.

Pierre Morel, para quem não está ligando o nome à pessoa, foi diretor do primeiro Busca Implacável (2008) – filme que lançou Liam Neeson como astro de ação – e diretor de fotografia de Carga Explosiva (2002) – longa que apresentou Jason Statham pela primeira vez como... astro de ação! A dúvida, portanto, é: será que após dois Oscars, prêmios nos festivais de Veneza, Berlim e Cannes e atuar sob o comando de cineastas respeitados como Terrence Malick, Clint Eastwood, Gus van Sant, Woody Allen e Alejandro Gonzalez Iñarritu, entre tantos outros, chegou a vez de Penn mostrar ao mundo sua faceta duro de matar? Físico ao menos ele tem – como faz questão de mostrar em O Franco-Atirador em mais de uma oportunidade ao desfilar sem camisa. Mas não seria melhor investir em sua carreira de diretor – desde Na Natureza Selvagem (2007) ele não volta a este ofício – ou em suas atividades humanitárias? Resta torcer que este filme seja somente um mínimo desvio de rota, e não represente uma prática que venha a se repetir nos próximos anos.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Robledo Milani
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Thomas Boeira
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MÉDIA
4

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