Meu Ano em Oxford

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Sinopse

Meu Ano em Oxford: Uma moça estadunidense ambiciosa em busca de seu sonho de estudar em Oxford se apaixona por um britânico charmoso com um segredo inimaginável. Comédia romântica.

Crítica

Na avalanche de produções românticas que desembarcam semanalmente nas plataformas de streaming, poucas conseguem despertar atenção além do previsível. Não é sempre necessário criar algo arrojado para conquistar o público, às vezes, a simplicidade bem executada cumpre papel equivalente a uma grande inovação. Meu Ano em Oxford se encaixa nesse contexto, com construção que não pretende reinventar fórmulas, mas que entrega diálogos fluídos, dinâmica segura e par central que sustenta a trama com sintonia palpável. É o feijão com arroz feito com esmero, medindo riscos e evitando investir em caminhos que poderiam comprometer a coerência de sua proposta. Ao equilibrar o leve humor com doses medidas de drama, mantém o espectador envolvido até o desfecho.

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Inspirada na obra literária de Julia Whelan, a história acompanha Anna De La Vega (Sofia Carson), norte-americana com ascendência latina que conquista bolsa para estudar na tradicional Universidade de Oxford. A mudança para o Reino Unido a insere num universo distinto de tudo que conhecia, trazendo amizades, descobertas culturais e, inevitavelmente, romance com o professor Jamie Davenport (Corey Mylchreest). A relação avança por meio de trocas espirituosas, comparações entre costumes e comentários sobre a aparência, além de breves diálogos ligados ao mundo acadêmico. É verdade que o desenvolvimento desse vínculo recorre a construções já vistas inúmeras vezes, mas há elemento que o torna mais cativante: a maneira como os protagonistas interagem, sem deixar que a previsibilidade ofusque o interesse do público.

Carson, associada à popular saga Descendentes, demonstra aqui que consegue lidar com papel menos fantasioso, enquanto Mylchreest, que apareceu em Sandman (2022), comprova ser capaz de sustentar protagonista romântico com carisma. A harmonia entre os dois não se restringe às falas, está também nos gestos, nas pausas e na forma como exploram os cenários, criando a impressão de que os momentos compartilhados surgem de maneira espontânea. Em gênero em que a falta de conexão se torna facilmente obstáculo difícil de contornar, essa química genuína garante que o espectador acompanhe o enredo sem sensação de artificialidade. Até mesmo as cenas mais leves, como passeios por cantos pitorescos, funcionam pela naturalidade da interação.

A partir da metade, o roteiro insere um elemento dramático mais consistente, capaz de alterar o rumo da jornada. Sem entrar em revelações explícitas, é possível dizer que um problema sério envolvendo um dos personagens leva a decisões com peso emocional considerável. A obra poderia ter descambado para sentimentalismo exagerado, daqueles que soam apelativos, mas surpreendentemente mantém tom contido. Grande parte desse mérito se deve à interpretação de Dougray Scott como William Davenport, pai de Jamie, que conduz a tensão com precisão. O contraste entre a leveza inicial e o dilema que se impõe, dá ao trabalho estrutura mais robusta do que a esperada.

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Meu Ano em Oxford não aspira a se tornar referência no gênero, mas também não se perde em pretensões que não poderia sustentar. É escolha adequada para assistir acompanhado, em tarde nublada, sem exigir envolvimento profundo ou entrega emocional intensa. Não alcança a potência dramática de um As Pontes de Madison (1995), mas também se distancia de produções que tentam se impor além das próprias limitações, como um Má Influência (2025). Tal qual certos encontros inesperados e passageiros, deixa lembrança suave e agradável. Algo que valeu a pena viver.

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Fanático por cinema e futebol, é formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Feevale. Atua como editor e crítico do Papo de Cinema. Já colaborou com rádios, TVs e revistas como colunista/comentarista de assuntos relacionados à sétima arte e integrou diversos júris em festivais de cinema. Também é membro da ACCIRS: Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul e idealizador do Podcast Papo de Cinema. CONTATO: [email protected]
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