Crítica

Assim como a comédia romântica, o policial é um gênero em crise de criatividade. E este Força Policial é um bom exemplo disso. Mesmo com astros talentosos como protagonistas e uma trama clássica, não consegue se sustentar pelos fracos diálogos e pelas soluções óbvias que persegue. E muito disso se deve pela mão fraca do diretor Gavin O’Connor (Guerreiro, 2011) que, visivelmente desconfortável com o tema, termina por optar pelos caminhos mais fáceis, nos guiando por clichês já consagrados e eliminando qualquer chance de redenção – não para os personagens, mas para os espectadores.

Os Tierney são uma família de policiais. O patriarca, Francis (Jon Voight, em atuação discreta), sempre foi um exemplo, mesmo que em algumas vezes tenha decidido resolver as coisas de um modo mais direto e objetivo, sem dar muita importância. Os dois filhos – Franny (Noah Emmerich), e Ray (Edward Norton) – também são policiais, mas com resultados diferentes. Enquanto o primeiro já é capitão, o outro tenta se recuperar de uma tragédia pessoal e profissional, recomeçando aos poucos. O problema está na filha, irmã dos dois, Megan (Lake Bell), que trouxe para o lado deles o marido, o tira corrupto Jimmy (Colin Farrell, mais uma vez interpretando um desajustado violento e mau-caráter). E será este estranho que irá desestabilizar todo o ambiente familiar.

Força Policial começa com uma batida frustrada que resulta na morte de quatro oficiais. Ray é colocado para chefiar as investigações e descobrir o que deu errado. Aos poucos ele vai revelando os fatos: trata-se de uma disputa pelo controle do tráfico de drogas, abençoada por certos policiais – liderados por Jimmy – que são muito bem pagos pela conivência. E, quando a verdade vem à tona, os problemas serão novamente de forte impacto tanto pessoal quanto profissionalmente, para todos os envolvidos.

Recebido com muita desconfiança pela crítica norte-americana, que considerou o argumento formulaico e nada original, Força Policial chega ao Brasil com a distribuidora forçando uma comparação com o nacional Tropa de Elite (2007), pela similaridade dos temas. Bem, toda e qualquer comparação entre os dois acaba aqui. Enquanto o longa dirigido por José Padilha e vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim é um petardo de ação e enredo, esta produção americana é convencional e não se destaca em nada, ficando muito aquém de outros trabalhos recentes e também semelhantes, como Os Donos da Noite (2007), Os Reis da Rua (2008) e Dia de Treinamento (2001), só para citar alguns. E chovendo no molhado, nem mesmo um roteiro escrito por Joe Carnahan (Narc, 2002) consegue salvar esta produção do ocaso do fácil esquecimento.

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