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Sinopse
Em Exterritorial, após o desaparecimento de um menino dentro do consulado dos Estados Unidos, a ex-militar Sara se vê obrigada a enfrentar uma jornada angustiante para encontrar o filho. Em meio a uma busca desesperadora, ela se depara com perigos e desafios inesperados. Ação/Thriller.
Crítica
Jean-Claude Van Damme, Steven Seagal e até… Liam Neeson. Esses são nomes que, em tempos distintos, se aventuraram por narrativas que partem de um problema central apenas para esbarrar em outro, mais intrincado e imprevisível, embaralhando a lógica das resoluções. Exterritorial, suspense alemão com direção de Christian Zübert, revisita esse molde amplamente popularizado por reprises televisivas. A diferença, talvez, esteja no frescor da presença de Jeanne Goursaud, atriz que injeta vitalidade à construção dramática. No entanto: o que se vê aqui é reciclagem de fórmulas, cujo verniz moderno não é suficiente para apagar algumas sensações.
A premissa apresenta Sara, que, após incidente aparentemente banal, se vê às voltas com o desaparecimento do filho dentro da embaixada norte-americana da Alemanha. O garoto está vivo? Foi sequestrado? Está escondido? É nessa busca desesperada que a mulher reencontra traumas latentes de sua atuação como militar no Afeganistão. O resultado é narrativa dupla que alterna entre o desespero maternal e cicatrizes da guerra, duas linhas temáticas de peso desigual e articulação por vezes forçada. A transforma a embaixada em espécie de labirinto, físico e emocional, no qual ela tenta, sem descanso, escapar com respostas.
No que diz respeito à execução, o trabalho acerta em cheio ao investir em sequências de ação capturadas em longos planos. Há arquitetura espacial clara, que respeita o entendimento do espectador e permite que os movimentos da protagonista ganhem consistência. Goursaud, por sua vez, demonstra total entrega ao papel, o que colabora para a credibilidade do espetáculo físico. Outro ponto favorável é a recusa à vícios, como shaky cams e quick cuts, aqueles cortes rápidos a cada golpe. O abandono dessa estética artificial, explorada à exaustão em sagas como Bourne, oferece certo alívio.
No entanto, como de praxe nas produções que ganham milhões de plays de forma quase instantânea em plataformas digitais, a empreitada se apoia em enigma raso que insiste em permanecer vivo até os instantes derradeiros. A cada nova cena, o roteiro parece provocar o público: e agora, você ainda tem certeza do que pensava antes? É jogo que não dialoga com progressão dramática autêntica, mas sim com estratégia de prolongamento. Esse é título que se beneficia do costume contemporâneo de assistir com um olho na TV e o outro no smartphone, conferindo atenção apenas aos momentos de maior adrenalina. A lógica lembra, de modo enviesado, as comédias de Adam Sandler: “aquela cena foi boa”, dirá alguém. Sim, apenas aquela, em meio a duas horas.
Mas na outra ponta, Exterritorial exige demais de quem se propõe a acompanhar tudo com máxima concentração. Zübert exagera nas conveniências narrativas para, em tese, reunir todos os fios soltos em clímax que, infelizmente, jamais se concretiza. Diversos elementos que sustentam o interesse durante a projeção não encontram resolução à altura. “Então aquilo foi apenas uma isca? Aquele telefonema aconteceu apenas para me confundir?”, pensará o público, já nos créditos finais. Sim. E essa sensação de ter sido enganado por sucessão de pistas falsas pode comprometer a experiência. Ao fim, restam a performance dedicada da protagonista e meia dúzia de boas soluções técnicas, num todo que, embora pretensioso, não se sustenta com solidez.
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