Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado

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Sinopse

Em Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado, quando cinco amigos causam um acidente de carro fatal, eles encobrem seu envolvimento e fazem um pacto para manterem o segredo ao invés de encarar as consequências. Um ano depois, o passado volta para assombrá-los e os obriga a encarar uma verdade assustadora: alguém sabe o que eles fizeram. Horror.

Crítica

Menos uma sequência, mais uma continuação (bem) tardia. A versão 2025 de Eu sei o que vocês fizeram no verão passado pode reaproveitar o título do sucesso homônimo do final dos anos 1990 – uau, quase três décadas atrás – mas ao invés de propor uma simples releitura contemporânea, vai por outro caminho, oferecendo um ou outro toque de ligação com a experiência anterior, ao mesmo tempo em que tenta construir um terreno próprio pelo qual se desenvolver. Se acerta ou não, bom isso é outra questão. Porém, é importante reconhecer esse esforço. Mérito da diretora (e também roteirista) Jennifer Kaytin Robinson, que que ao mesmo tempo em que está seguindo passos já trilhados, não se exime em propor um trajeto um pouco mais pessoal. Se originalidade não chega a ser um destaque, também não se mostra confortável em apenas reproduzir o que havia dado certo antes.

Uma das responsáveis pelo enredo de Thor: Amor e Trovão (2022) e tendo assinado previamente apenas produções feitas por encomenda para o streaming (Alguém Especial, 2019, e Justiceiras, 2022), Robinson dá o passo mais ousado de sua carreira até o momento com esse Eu sei o que vocês fizeram no verão passado. Não apenas por se tratar de uma saga de terror adorada por um certo número de fãs (se faz necessário lembrar que apenas os dois primeiros longas da trilogia foram lançados nos cinemas, enquanto que o terceiro saiu apenas em vídeo, tornando evidente o decrescente apreço destes seguidores), como também por ser essa mais uma tentativa de revigorar a ideia (a malfadada série de 2021 foi cancelada após a primeira temporada). Ou seja, era preciso respeitar o “clássico”, e também propor algo razoavelmente novo, que ao menos fizesse sentido para plateias que nem era nascidas quando o primeiro filme chegou aos cinemas.

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Com isso em mente, a cineasta repete a estrutura – amigos que, inadvertidamente, acabam causando um assassinato e, ao se imaginarem livres dessa culpa por ausência de um flagrante, passam a ser perseguidos por um misterioso estranho em busca de vingança um ano depois – só que sem ignorar os eventos já conhecidos. Ou seja, é a mesma cidade de Southport, que tanto se esforçou para não ficar conhecida pelo “massacre de 1997”, e que agora se vê novamente envolvida por uma série de assassinatos aparentemente inexplicáveis. Ava (Chase Sui Wonders, de O Estúdio, 2025) é a protagonista, a jovem que volta depois de anos afastada para a festa de noivado da melhor amiga, Danica (Madelyn Cline, de Glass Onion: Um Mistério Knives Out, 2022) com o “golden boy” local, Teddy (Tyriq Withers, de Me Conte Mentiras, 2022). Uma vez lá, reencontra o ex-namorado, Milo (Jonah Hauer-King, de A Pequena Sereia, 2023), e logo os dois reatam. Na noite de 4 de julho, os dois casais decidem assistir aos fogos de comemoração do Dia da Independência norte-americana num mirante, e ao saírem levam junto uma amiga que há tempo não viam, Stevie (Sarah Pidgeon, de The Wilds: Vidas Selvagens, 2020-2022). Os cinco estão juntos, prestes a presenciar a celebração cívica, quando um carro desgovernado passa por eles e, para não atingi-los, sai da pista e cai do precipício.

Eis, portanto, a vítima. Mas quem se importaria com alguém que parece ser apenas mais um “Zé Ninguém” (ou “John Doe”, em inglês)? Sendo eles jovens privilegiados de famílias ricas, não será difícil para seus pais encobrir o ocorrido. Ninguém será denunciado. Mas, um ano depois, as mortes recomeçam. A similaridade com os eventos de trinta anos antes não passa desapercebida, e os dois sobreviventes da antiga chacina entram em cena: os então namorados Ray (Freddie Prinze Jr.) e Julie (Jennifer Love Hewitt). Ele surge como um alerta (“já passei por isso e sei o que irá acontecer”), enquanto que ela, que se mudou para longe e quer distância de tudo relacionado a esse passado, tenta evitar ao máximo retomar essas ligações (algo no qual não será bem sucedida, é fato). A presença de uma podcaster especializada em true crimes e fantasmas que não permanecerão enterrados por muito tempo (spoiler alert: Sarah Michelle Gellar também resolveu dar as caras nesse revival) garantem uma certa dinâmica a esse Eu sei o que vocês fizeram no verão passado. Talvez não o suficiente para recriar o mesmo frenesi daquele que deu origem à série. Mas o bastante para não fazer dessa iniciativa um desastre completo.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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