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Sinopse
Em Echo Valley, Kate é uma mãe que luta para fazer as pazes com sua filha, Claire. Essa situação se torna perigosa quando a jovem aparece à sua porta, assustada, tremendo e coberta do sangue de outra pessoa. Enquanto tenta juntar as peças da chocante verdade sobre o que aconteceu, ela descobre até onde é capaz de ir para tentar salvar sua menina. Drama/Thriller.
Crítica
No fluxo incessante de lançamentos das plataformas de streaming, alguns trabalhos ganham corpo justamente por se manterem mais silenciosos, quase escondidos em suas intenções. Echo Valley, dirigido por Michael Pearce (A Fera, 2017), é desses exemplares que, à primeira vista, parecem prometer mais do que os títulos comuns do gênero. Elenco estrelado, paisagens que colaboram com a inquietação do enredo e uma ideia central que tenta fugir da zona de conforto. Mas como tudo que brilha pode ofuscar, também pode se desgastar se exposto ao excesso de luz.
Na trama, seguimos Kate, interpretada por Julianne Moore, mulher resiliente que vive isolada num rancho no interior da Pensilvânia, EUA, onde ministra aulas de equitação e cuida de cavalos com dedicação quase obsessiva. Viúva recente e mãe de Claire (Sydney Sweeney), fruto de antiga união com o abastado Richard Garretson (Kyle MacLachlan), ela tenta manter de pé um espaço que carrega tanto de patrimônio quanto de memória. O maior desafio, no entanto, está nas idas e vindas da filha, instável, envolta em vícios e dívidas, sempre à beira de algo trágico e prestes a romper o fio tênue entre redenção e ruína.
Desde os minutos iniciais, tudo está disposto. Kate é dessas figuras que não abrem mão do que acreditam ser seu, mesmo que isso custe a saúde física, o dinheiro ou o pouco equilíbrio emocional que ainda conserva. Claire, por sua vez, conhece cada fraqueza da mãe e não hesita em explorá-las. Moore domina a personagem com firmeza e vulnerabilidade, entregando-se de forma intensa sem soar afetada. Sua atuação é o fio condutor da experiência, garantindo ao espectador ponto de apoio seguro mesmo quando o entorno começa a ruir.
Entretanto, os excessos impedem que o suspense alcance maior impacto. Há preocupação evidente em manter a tensão constante, mas ela se dá por meio de escolhas fáceis: trilhas sonoras que se impõem mais do que sugerem e cortes bruscos que atropelam o desenvolvimento emocional. Por que a pressa? Brad Ingelsby, responsável pelo roteiro, já mostrou domínio do drama em Mare of Easttown (2021), mas aqui parece temer o silêncio e a ambiguidade, como se receasse que o público não conseguisse acompanhar. Essa subestimação cobra seu preço.
A proposta de Echo Valley é legítima. Há boa história, performances sólidas – até de coadjuvantes como Jackie Lawson (Domhnall Gleeson) – e um conflito visceral entre mãe e filha que poderia ser o centro de algo memorável. Porém, a ansiedade por surpreender a qualquer custo faz com que a narrativa dobre sobre si mesma, explicando o que já havia sido compreendido e perdendo parte de sua força. A impressão final é de jornada potente que hesita em confiar no próprio percurso, como se a beleza do trajeto não bastasse. E assim, mesmo quando se distingue no meio da multidão, a joia perde um pouco do seu brilho.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Victor Hugo Furtado | 6 |
Daniel Oliveira | 4 |
MÉDIA | 5 |
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