Crítica


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Sinopse

As excursões do poeta Dylan Thomas pelos Estados Unidos foram marcadas por muita gritaria e desmaios dos fãs. Ele tinha uma rotina excêntrica como roqueiro e uma relação conturbada (para dizer o mínimo) com a bebida.

Crítica

Dominion, segundo longa-metragem dirigido por Steven Bernstein, conta a história do poeta galês Dylan Thomas (interpretado com bastante intensidade por Rhys Ifans), um dos mais importantes, de língua inglesa, do século XX. No entanto, não se trata exatamente de uma cinebiografia tradicional: Bernstein quer claramente transportar o senso poético de Thomas para o filme, imprimir na narrativa a força explosiva dos versos do autor. Essa pretensão até gera resultados interessantes aqui e ali, mas, em geral, ela é frustrada.

" DOMINION "Photo by Philippe Bosse

Dominion se divide em três linhas narrativas: numa, acompanhamos a última turnê de leituras de Thomas pelos Estados Unidos, com sua passagem por universidades e teatros quando já era reconhecido e ovacionado como um grande gênio; paralelamente, encontramos Thomas num bar em Nova York, mergulhando numa bebedeira que o levaria à morte dali a alguns dias; por fim, Bernstein mostra, em cores (os outros dois segmentos são filmados em preto e branco), alguns momentos da vida do poeta em família, focados sobretudo em sua relação conturbada com a esposa (Romola Garai).

Enquanto se mantém preso a essa estrutura (o que acontece durante cerca de uma hora de filme), o diretor e roteirista consegue fazer Dominion funcionar, criando uma narrativa ágil, espertamente pontuada pelas doses de whisky tomadas (e nomeadas como representativas de algum sentimento humano) por Thomas. A dinâmica entre o protagonista e outras figuras que povoam aquele bar, principalmente o barman vivido por Rodrigo Santoro, dão ao filme bem-vindas pitadas de humor (que também aparece nas intervenções esporádicas do personagem de John Malkovich) e sensualidade.

Mas num determinado momento Bernstein desiste dessa estrutura. A turnê poética chega ao fim, o passado e a vida familiar de Thomas já foram apresentados e toda a carga dramática que Dominion precisa ter é depositada na continuação do segmento do bar. A partir daí, o filme se arrasta até o final, tornando Dylan Thomas um sujeito absolutamente insuportável, daqueles bêbados que ficam repetindo a mesma ladainha até conseguirem irritar todos ao seu redor.

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Em sua ficha no site IMDb, Dominion consta como estando ainda em pós-produção e, de fato, o próprio Bernstein afirmou antes da exibição no Festival do Rio que considera que seu filme ainda pede alguns ajustes. Assistindo-o, é mesmo essa sensação que fica: de um material ainda bruto, mal acabado, mas com potencial para se transformar em algo de qualidade. Basta mais uma passada pela sala de montagem.

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é um historiador que fez do cinema seu maior prazer, estudando temas ligados à Sétima Arte na graduação, no mestrado e no doutorado. Brinca de escrever sobre filmes na internet desde 2003, mantendo seu atual blog, o Crônicas Cinéfilas, desde 2008. Reza, todos os dias, para seus dois deuses: Billy Wilder e Alfred Hitchcock.
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