
Crítica
3
Leitores
9 votos
8.4
Sinopse
Sandro é um publicitário metido a conquistador que sofre um ataque cardíaco e precisa de um transplante para sobreviver. Seu novo coração vem da travesti Isadora, dona de um salão de beleza. Após o sucesso da operação, Isadora, agora como espírito, passa a seguir os passos do sujeito que, então, começa a sentir mudanças de comportamento e a enxergar o mundo com outros olhos.
Curiosidades
- O longa é baseado nas peças de teatro Acredite, Um Espírito Baixou em Mim e O Coração Safado, ambas de Ronaldo Ciambroni;
Acho que o filme Bate Coração passa longe de relatar apenas o universo LGBTQIA+, embora esse seja um de seus elementos centrais, ele serve mais como ponto de partida do que como tema principal. O longa nos conduz por uma jornada de humanidade, onde o coração, tanto como órgão quanto como símbolo, assume papel essencial na narrativa: o coração que para, o coração que pulsa novamente, o coração que muda de ritmo e de perspectiva. A história trata, acima de tudo, da transformação interna de um indivíduo que vive preso a seus preconceitos, ao ego e à superficialidade, até ser atravessado por uma experiência radical: a morte súbita e o transplante de coração de alguém que representa tudo aquilo que ele rejeitava em vida. É nesse ponto que o roteiro revela sua força: a mudança não acontece de forma mágica, mas por meio do incômodo, da inquietação, do estranhamento diante da própria consciência. A presença da personagem Isadora, que doa seu coração, representa mais do que a doação de um órgão, é uma espécie de legado espiritual, emocional e existencial. Ela planta no protagonista uma nova forma de ver o mundo, mais sensível, mais humana, mais empática. E o que parecia ser apenas uma comédia com toques de drama, torna-se uma reflexão profunda sobre identidade, aceitação e reconexão com a vida. No fundo, Bate Coração fala sobre as batidas que perdemos ao viver no automático e sobre aquelas que ganhamos quando nos abrimos para sentir, e para mudar. É um filme que nos lembra que o amor, a morte e o recomeço não pertencem a um grupo específico, mas a todos nós.