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Sinopse
Em As Quatro Estações do Ano, três casais de longa data mantêm a tradição de viajar juntos a cada estação do ano, compartilhando férias, jantares e reflexões sobre a vida. Mas quando um deles se separa e surge uma nova companheira no grupo, o equilíbrio entre amizades e expectativas começa a mudar. Drama/Comédia.
Crítica
Mais de quarenta anos depois de sua estreia nos cinemas, As Quatro Estações do Ano foi resgatado pela minissérie homônima comandada por Tina Fey (que além de protagonista, é também uma das roteiristas e está entre os produtores). Mesmo que um tanto esquecido até então, é um filme que se mantém em pé por conta própria mesmo depois de tanto tempo, ainda que não tenha envelhecido de forma igual em todas as suas instâncias. Se a performance do elenco e os temas postos em debate seguem despertando atenção e curiosidade, por outro lado algumas das soluções se mostram bastante próprias de uma época na qual a luta por igualdade entre os sexos ainda não tinha avançado tanto quanto hoje em dia. Porém, há uma diferença fundamental entre a série de 2025 e o longa de 1981: se antes a análise se dava sobre os impactos de uma separação em um grupo de amigos, sempre com foco no coletivo, hoje se debruça mais sobre o individual e o particular. Não que um ou outro seja melhor, mas é interessante observar esse deslocamento do olhar.
Três casais de amigos se encontram regularmente para desfrutarem do tempo que possuem livre juntos. Ou seja, um feriado, um fim de semana estendido, umas pequenas férias: é tudo combinado em conjunto. Porém, quando um desses maridos decide se separar da esposa com quem estava há mais de vinte anos, o choque não se dá apenas entre os dois, mas são os seis que serão afetados por tal mudança. Principalmente após ele aparecer com uma namorada algumas décadas mais jovem. Quem não viu esse filme antes? Pois bem, As Quatro Estações do Ano foi um dos primeiros dramas a abordar essa questão contemporânea, sem uma visão antiquada sobre esse tipo de transição, mas mostrando o quanto todos ao seu redor podem sofrer as consequências de algo que se pensa ser tão individual, mas diz respeito a muitos.
Alan Alda é a mente criativa responsável por esse que foi um dos dez filmes mais assistidos nos cinemas norte-americanos em 1981 (ficou um nono lugar). Diretor e roteirista, aparece também como Jack, aquele que está sempre disposto a celebrar a amizade e a união que os fortalece – mesmo que, muitas vezes, se esforce em uma vista grossa em relação às ranhuras que os mantém tão juntos, quanto separados. Ele é o poliana, o espírito positivo, o que quer tudo discutir e deixar às claras – a ponto de estimular a aproximação e o afastamento na mesma medida. Sua esposa é Kate (Carol Burnett, a mais incisiva do grupo), que tanto tenta apoiá-lo, como também se coloca ao lado dos demais. No entanto, quem rouba a cena a cada manifestação é a dupla formada por Jack Weston (Dirty Dancing: Ritmo Quente, 1987) e Rita Moreno. Como Danny e Claudia, respectivamente, eles são pura emoção – nas discussões, nas demonstrações de paixão, nos medos e na hipocondria, na falta de paciência e na insegurança – e se mostram o verdadeiro elo entre todos.
Mesmo sem ter alcançado o estado de ícone como alguns de seus colegas de elenco, Len Cariou (Blue Bloods, 2010-2025) é o responsável por toda a transformação da trama. Como Nick, é ele que está insatisfeito com a esposa, Anne (Sandy Dennis, em quase uma participação especial) e que na estação seguinte estará ao lado de Ginny (Bess Armstrong, que posteriormente participaria de… Tubarão 3, 1983). As Quatro Estações do Ano marca bem essa passagem de tempo com sequências tão hilárias, quanto ternas – o banho de todos, ainda vestidos, em alto mar; o jogo de futebol ao visitarem a faculdade da filha de um dos casais; ou mesmo a queda de um deles em um lago congelado – ao mesmo tempo em que provoca essa reflexão: haveria mesmo tamanha necessidade de estarem sempre juntos – e, portanto, interferindo uns nos assuntos dos outros? E assim se tem uma história bonita e envolvente, cômica na medida certa e ainda capaz de provocar reflexão. Parece simples, mas talvez esteja justamente nessa aparente leveza sua maior genialidade.


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