 
            Apanhador de Almas
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                            Fernando Alonso, Nelson Botter Jr
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                            Apanhador de Almas
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                        2025
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                        Brasil
Crítica
Leitores
Sinopse
Apanhador de Almas se passa durante um eclipse solar, quando quatro jovens aspirantes a bruxas visitam uma casa para presenciar pela primeira vez um ritual sobrenatural. Porém, uma criatura de outra dimensão é evocada e elas são forçadas a tomar uma terrível decisão entre vida e morte. Horror.
Crítica
Hollywood continua faturando alto temporada após temporada com o cinema de horror. É consenso entre produtores: filmes do gênero custam relativamente pouco e rendem muito, porque oferecem ao público, digamos, um dos pães mais frescos da padaria – o medo. Quem não se deixa seduzir pela ideia de entrar numa sala escura e desafiar a própria mente durante quase duas horas, enfrentando entidades de origem desconhecida? É passeio de montanha-russa em forma de susto. Nesse cenário, chama atenção como o Brasil ainda não consolidou tradição consistente nesse campo, seja no fazer, ou no exibir. E como já diria o sábio: é a prática que leva a perfeição, certo? Pois, bem, dentro desse processo, Apanhador de Almas surge apenas como mais um movimento de uma engrenagem que ainda está sendo montada.

Na trama, quatro jovens iniciadas no universo da bruxaria – Emília (Klara Castanho), Mia (Jessica Córes), Isabella (Priscila Sol) e Olívia (Duda Reis) – viajam até uma casa no interior para testemunhar ritual comandado por uma feiticeira mais experiente, Rea (Angela Dippe). O que parecia ser apenas mergulho em práticas ocultas rapidamente se transforma em armadilha. Presas entre dimensões, símbolos e segredos espalhados pelos cômodos, as garotas percebem que a fronteira entre curiosidade e perigo é mais estreita do que imaginavam.
Assinado por Fernando Alonso, Nelson Botter Jr. e Tarsila Araújo, o roteiro prefere criar atmosfera do que oferecer respostas. O isolamento, o medo das protagonistas e o mistério em torno da bruxa veterana parecem ser o combustível da narrativa. O problema é que essa opção se converte, desde cedo, em experiência labiríntica. Não há mal em embaralhar peças, mas quando o quebra-cabeça não tem bordas nem imagens de referência, o espectador encontra dificuldade em se situar. O resultado é terror que aposta no enigma, mas entrega pouco ao que possa ser desvendado.
Isso se reflete também na condução do elenco. Há a intenção de extrair das atrizes a tensão necessária para sustentar a trama, mas a engrenagem não gira com precisão. A trilha sonora, invasiva, reforça a sensação de desajuste. Muitas falas se resumem a frases de efeito, que nada explicam e interrompem qualquer possibilidade de avanço dramático. “Isso é horrível, não podia ter acontecido! O que faremos?”. Em seguida, alguém sentencia: “não há o que ser feito”. E tudo se repete, num ciclo de expectativa frustrada. Nesse contexto, não há como responsabilizar as intérpretes: o material lhes oferece pouco com que trabalhar.

Por fim, chama atenção a contradição central. As quatro protagonistas são apresentadas como fascinadas pelo universo da bruxaria, mas bastam os primeiros sinais do sobrenatural para que se esvaziem diante daquilo que tanto buscavam. Se são capazes de atravessar quilômetros para acompanhar um ritual obscuro, por que reagem com tamanha fragilidade ao contato com o que desejavam? Essa incongruência mina a força da alegoria e enfraquece o discurso. Ao final, Apanhador de Almas não captura as almas de suas personagens, tampouco a imaginação de quem o acompanha.
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Grade crítica
| Crítico | Nota | 
|---|---|
| Victor Hugo Furtado | 2 | 
| Francisco Carbone | 1 | 
| Alysson Oliveira | 1 | 
| MÉDIA | 0.7 | 
 
 
 
				

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