20241011 bird papo de cinema 800

Com uma câmera sempre nervosa acompanhando as perambulações de Bailey, Andrea Arnold faz de Bird um retrato ao mesmo tempo afetivo e desiludido de pessoas atoladas numa miséria que elas reproduzem automaticamente. Mas, eis que a dureza do cotidiano é quebrada pela entrada em cena de um personagem misterioso, de algo relativo em meio a tantas certezas ásperas. Surgido como uma miragem enquanto Bailey fotografa a curiosidade das vacas, Bird (Franz Rogowski) é um sujeito enigmático, supostamente também fruto da ausência familiar (…) Com sensibilidade, Arnold nos faz questionar a existência de Bird como uma pessoa real. Será que ele é verdadeiramente um agente sobre-humano capacitado a reverter a dureza do cotidiano? E mesmo quando mostra a metamorfose literal, nem assim a britânica inviabiliza a dúvida. Será que o homem transformado em pássaro não é a projeção simbólica dos desejos de Bailey? (…) o filme extrai beleza e afetuosidade do contexto no qual havia espaço somente à reprodução do desamparo”, finaliza o crítico Marcelo Müller em seu artigo sobre o filme que foi selecionado para o Festival de Cannes e indicado ao Bafta como Melhor Longa Britânico do ano. Mesmo assim, segue inédito nos cinemas brasileiros, tendo sido lançado por aqui diretamente nas plataformas de streaming.

 

NOTA MÉDIA: 8,0 / 10

 

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