Valérie Donzelli entre nós! O Festival de Cinema Francês do Brasil 2025 começou oficialmente na última quinta-feira, 27, inaugurando sua 16ª edição sob o novo nome que substitui o antigo Festival Varilux. Até o dia 10 de dezembro, o público poderá assistir a uma seleção especial da cinematografia francesa, com títulos premiados, estreias nacionais e produções que dialogam diretamente com o momento contemporâneo do audiovisual europeu. E além dos filmes, o festival recebe uma delegação artística francesa, reunindo atores, diretores e outros profissionais. Essa troca presencial – uma das marcas do evento – aproxima ainda mais o público brasileiro dos talentos emergentes e consolidados da França.
Uma dessas presenças ilustres é a diretora e atriz Valérie Donzelli, que desembarca no país para apresentar Mãos à Obra, seu novo longa estrelado por Bastien Bouillon. Aos 52 anos, nascida em Épinal, Donzelli construiu uma filmografia marcada por personagens em constante ebulição, movidos por conflitos internos, tensões emocionais e escolhas que atravessam corpo e pensamento – características que reaparecem com força em sua nova obra.

Mãos à Obra, baseado no livro de Franck Courtès, acompanha a trajetória de um fotógrafo de sucesso que abandona a carreira para se dedicar à escrita e, nesse mergulho criativo, se depara com a experiência da pobreza. Neste projeto, ela retoma a parceria com Bouillon, ator com quem já trabalhou em diversos títulos, entre eles A Guerra Está Declarada (2011) e Marguerite & Julien: Um Amor Proibido (2015).
O Papo de Cinema conversou com Valérie Donzelli durante sua passagem pelo país: a cineasta comentou o processo de criação, explicou as escolhas simbólicas por trás da narrativa e detalhou a relação entre trabalho manual, escrita e emoção – três eixos que estruturam seu novo longa. Confira a entrevista a seguir!
ENTREVISTA :: VALÉRIE DONZELLI
1. O filme trata da relação entre criação, construção e caos. Como foi transformar esse universo tão prático e físico em dramaticidade?
“A resposta, claro que a base do filme é o livro, mas ele não conta exatamente a mesma trama. O cinema tem que realizar uma encarnação e tem que segurar o espectador. No livro não havia muitas reviravoltas. Então, claro, havia a ideia central, que é um fotógrafo que parou a fotografia, começou a escrever para procurar um novo sentido à vida dele. Mas a direção teve que acrescentar bastante roteiro, acrescentar algumas coisas para segurar mais o espectador. Então, ele escreve um primeiro livro que não dá certo e tem essa tensão da dúvida, da dificuldade de escrever, de ficar bloqueado, de não ter nada, até que ele consegue, finalmente, escrever um livro que é recebido. Então, tem uma tensão sobre essa questão criativa de uma nova arte que ele tem que dominar e no final, finalmente, ele tem um livro escrito que é bem recebido. Mesmo que não tenha atingido tudo que imaginava”.
2. O Bastien deixa uma entrega física no filme. Como foi o trabalho com o ator? Como chegaram ao que está no filme?
“Bom, o trabalho do ator depende também da direção e muito da escolha na hora do casting. O Bastien, eu quis que ele tivesse 40 anos, enquanto no livro ele tinha 52 anos. Essa escolha… queria que fosse mais jovem, que fosse mais radical e mais político. Adoro Bastien. Queria no filme que ele funcionasse um pouco como um espelho do mundo e que as pessoas se projetassem nele. Na verdade, ele não julga ninguém, mas todos o julgam no cotidiano. E eu acho que o Bastien tem essa qualidade, enquanto ator, de que facilmente as pessoas se projetam nele, porque ele é muito camaleão. Então, ele se transforma nos personagens. Ele realmente consegue virar o própria personagem. E ele tem também uma fragilidade, uma acessibilidade que eu já conhecia, que era importante para esse papel”.
3. O filme junta trabalho manual e emoções como espelhos. Em que momento você percebeu que essas duas coisas se conectavam na narrativa?
“Na verdade, a escolha que o personagem faz do trabalho manual é de dedicar todo o espaço da mente dele para a criação e para a reflexão da escrita. Então, quando ele faz um trabalho manual, ele não se questiona e não fica pensando que seja um trabalho físico, manual, minucioso… não deixa de ser uma mão de obra em que ele não pensa. E quando ele senta no computador, aí sim ele pode dedicar todo o seu intelectual para a criação da escrita. Então, foi uma maneira de trabalhar um pouco esse contraste”.

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