O Festival de Cinema Francês do Brasil 2025 começou oficialmente nesta quinta-feira, 27, inaugurando sua 16ª edição sob o novo nome que substitui o antigo Festival Varilux. Até o dia 10 de dezembro, o público poderá assistir a uma seleção especial da cinematografia francesa, com títulos premiados, estreias nacionais e produções que dialogam diretamente com o momento contemporâneo do audiovisual europeu. E além dos filmes, o festival recebe uma delegação artística francesa, reunindo atores, diretores e outros profissionais. Essa troca presencial – uma das marcas do evento – aproxima ainda mais o público brasileiro dos talentos emergentes e consolidados da França.
Entre os nomes convidados está Salif Cissé, ator francês de 32 anos nascido em Saint-Denis. Revelado primeiro no teatro, Salif conquistou atenção internacional a partir de 2020, com o longa Embarque, e consolidou-se especialmente após o suspense O Amor e as Florestas (2023) e sua participação em Lupin (2023). No Festival de Cinema Francês do Brasil deste ano, ele marca presença dupla na programação com os filmes Os Bastidores do Amor e Voz de Aluguel, exibidos em sessões especiais acompanhadas de debates.
Em Os Bastidores do Amor, Salif interpreta um dos artistas amigos do casal Henri e Nora – ele ator, ela diretora – cuja relação entra em colapso quando Henri consegue seu primeiro papel no cinema. Já em Voz de Aluguel, ele assume o papel central de Baptiste, um imitador talentoso que é contratado por um escritor renomado para atender suas ligações, mergulhando numa espiral de identidade, projeção e limites éticos. Dois filmes completamente diferentes que, exibidos em sequência, ajudam a ilustrar a versatilidade e o momento crescente da carreira de Cissé.
O Papo de Cinema conversou com o ator durante a passagem da delegação francesa pelo festival. A seguir, fique com a entrevista!
ENTREVISTA :: SALIF CISSÉ
Você aparece em dois filmes da seleção, com propostas muito distintas. O que esses projetos revelam sobre a fase atual da sua carreira?
“Cada vez mais tenho oportunidades com novos diretores, com pessoas que amo, com projetos cada vez mais interessantes, e cada vez mais sinto que os diretores têm confiança no meu trabalho. Esses dois filmes, gravei num período de três meses. Eu terminei Voz de Aluguel e logo em seguida eu já comecei a filmar Bastidores do Amor. Então, os projetos e as oportunidades estão se multiplicando”.
Estar em dois filmes selecionados para o festival muda sua percepção sobre a recepção do cinema francês no exterior?
“Fiquei surpreso porque quando a gente faz um filme, a gente não pensa, primeiro, até na França, que tanto público irá ver, mas também fora da França. Ontem, no debate de Voz de Aluguel, percebi que muitas pessoas faziam perguntas bastante próximas às perguntas que também fazem na França. Então, eu fiquei surpreso como o filme atinge públicos diferentes de formas parecidas. No entanto, percebi uma emoção, uma alegria que é muito específica do Brasil. Para mim, o que é importante é que o cinema francês não fique somente na França e abrir para várias culturas. E, para mim, eu sinto isso como se o público honrasse nosso país. Para mim, é muito agradável”.
Em Os Bastidores do Amor há um jogo relacional delicado. Em Voz de Aluguel, a reflexão é social e identitária. Como você ajusta sua presença em cena para universos tão diferentes?
“Muitas vezes, quem assiste a um filme tem uma análise intelectual. Mas, quando leio um roteiro, procuro deixar de lado esse lado mais mental e me conectar com as emoções para poder mergulhar realmente no personagem e na relação que eles têm entre eles. Na vida real, ninguém pensa em cada minuto o que vai fazer. Não tem essa análise sociológica das relações do personagem. As pessoas vivem, e é isso que eu procuro fazer. Viver o meu personagem em profundidade, como na vida real”.
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