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As bruxas estão soltas – e não só no caos social ao qual o país parece estar cada vez mais mergulhado (ok, vamos parar agora de falar de política!), mas também nas telas de cinema. Isso por causa do estreia na última semana do aguardado A Bruxa, longa norte-americano co-produzido pelo brasileiro Rodrigo Teixeira – leia-se RT Features – e premiado no Festival de Sundance. O longa, que teve sessões lotadas na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo de 2015, tem chamado atenção muito mais pelo terror psicológico que provoca, ao invés de entregar sustos fáceis e previsíveis. Inspirado nesse lançamento, a equipe do Papo de Cinema foi atrás de algumas das feiticeiras mais poderosas que já surgiram na tela grande, e entre clássicos e títulos mais obscuros, entre comédias e romances, dramas e obras de terror, temos aqui uma seleção de respeito, capaz de provocar medo – e boa diversão – em qualquer cinéfilo que se preze. Confira!

 

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O Mágico de Oz (The Wizard of Oz, 1939)
Muito se fala sobre o personagem-título, ser de grande poder e sabedoria, mas quem lembra bem desse clássico sabe que ele é muito mais comentado do que visto. A história, afinal, é sobre uma menina do Kansas, a pequena Dorothy, acompanhada de seu cãozinho Toto e de três amigos que encontra pelo caminho – o Leão, o Espantalho e o Homem de Lata – rumo à moradia do mago que poderá levá-la de volta para casa. Mas há uma outra trama por trás dessa em evidência, muito mais trágica e perturbadora, que fala a respeito do duelo entre duas bruxas – Glinda, a Boa do Norte, e Elmira (ou Theodora), a Má do Oeste. Tudo começa, aliás, quando outra delas é assassinada – a Má do Leste, da qual só vemos seus sapatos de rubi. O entrevero entre elas é tão sério que ganhou, décadas depois, até um filme próprio – As Bruxas de Oz (2012) – e foi ainda melhor aprofundado no campeão de bilheterias Oz: Mágico e Poderoso (2013), com as belas Mila Kunis, Rachel Weisz e Michelle Williams como as protagonistas. Mas claro, nenhuma das produções recentes consegue chegar aos pés do charme do original, que mesmo tanto tempo depois do seu lançamento segue imbatível! – por Robledo Milani

 

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A Maldição do Demônio (La Maschera del Demonio, 1960)
Após trabalhar em diversas produções como diretor de fotografia, co-dirigindo algumas sem ser creditado, o italiano Mario Bava assinou seu primeiro longa, baseado no conto “Viy”, do russo Nikolai Gogol. A trama se inicia na Moldávia do século XVII, onde a Princesa Asa Vajda é condenada à morte por bruxaria e vampirismo e, ao lado de seu amante, recebe a Máscara do Demônio, que anula seus poderes. Antes de ser queimada na fogueira, porém, a bruxa lança uma maldição sobre as futuras gerações de sua família. Duzentos anos mais tarde, dois médicos, que viajam para um congresso, acabam encontrando a tumba da feiticeira e acidentalmente a libertam da Máscara. Agora, Asa parte atrás do corpo de sua descendente, a Princesa Katia, para reencarnar. Com grande domínio cênico, Bava realiza um magnífico jogo de luz e sombras com a fotografia em preto e branco, criando um conto de horror gótico atmosférico e visualmente estonteante, repleto de cenas emblemáticas, como o ritual do prólogo ou a cena do amante guiando uma carruagem em alta velocidade. Valorizada figura marcante da britânica Barbara Steele em papel duplo (Asa/Katia), a estreia de Bava tornou-se um clássico instantâneo, colocando seu nome entre os mestres do gênero. – por Leonardo Ribeiro

 

Excalibur (1981)
As aventuras do rei Arthur e dos Cavaleiros da Távola Redonda, escritas por Sir Thomas Malory, ganharam uma versão cinematográfica dirigida por John Boorman no início dos anos 1980. Nela, acompanhamos, essencialmente, os eventos responsáveis pela origem da lenda de Excalibur. Na era medieval, o então rei, Uther Pendragon (Gabriel Byrne), recebe do mago Merlin (Nicol Williamson) uma espada que representa o poder e a vastidão de seus domínios. Após eventos que envolvem decisivamente a mulher de um dos inimigos, o moribundo Uther crava a arma-símbolo numa pedra, legando o reino da Inglaterra a quem tiver a capacidade de tirá-la da inércia. Muitos anos depois, Arthur (Nigel Terry), seu filho bastardo, torna-se monarca ao empunhar Excalibur, iniciando um período de prosperidade. Personagem secundária das mais importantes e marcantes dessa história, Morgana, interpretada aqui por Helen Mirren, a bela e ardilosa meia-irmã de Arthur, é considerada sacerdotisa da Ilha de Avalon. Também conhecida pela alcunha de Senhora do Lago, ela gera um filho de Arthur após ritual sagrado, evento a partir do qual pretende levar a cabo o plano de destruir o reino. Morgana é ao mesmo tempo amiga e inimiga, amante e irmã, em suma, uma força da natureza, imprescindível ao fabulário Arthuriano, devidamente valorizada neste filme cultuado de Boorman. – por Marcelo Müller

 

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Elvira: A Rainha das Trevas (Elvira: Mistress of the Dark, 1988)
Cassandra Peterson imortalizou a personagem Elvira para uma legião de fãs desde que iniciou sua carreira na televisão, apresentando filmes B com sua peruca gigantesca e seu não menos enorme decote. Em 1988, era chegada a hora da personagem ganhar as telas de cinema e o resultado foi este divertido longa-metragem dirigido por James Signorelli. Na trama, Elvira esperava por um golpe de sorte. Apresentadora de filmes B em um caído canal de TV, seu sonho sempre foi se apresentar em Las Vegas, mas a falta de dinheiro nunca lhe permitiu produzir seu espetáculo. Quando sua tia-avó Morgana morre e ela descobre que existe uma herança lhe esperando, parece que finalmente as coisas mudarão. Mas não é bem assim. No testamento, são deixados uma casa velha, um cachorro e um livro de receitas. Mal ela sabe, no entanto, que se trata de um livro de poções e que sua tia-avó era, na verdade, uma bruxa. Poderá ela seguir o caminho de Morgana? A resposta é um sonoro sim, com direito a troca de poderes com seu tio-avô demoníaco Vincent Talbot (W. Morgan Sheppard). Mas o maior feitiço de Elvira é conquistar o espectador com seu senso de humor e beleza. – por Rodrigo de Oliveira

 

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Abracadabra (Hocus Pocus, 1993)
Trezentos anos depois de terem sido queimadas vivas na fogueira em Salém, as irmãs bruxas Sanderson retornam dos mortos para cumprirem sua maldição. Quem lhes trouxe de volta, ainda que sem querer, foram os jovens Max (Omri Katz), sua irmã Dani (Thora Birch) e a amiga Allison (Vinessa Shaw), em pleno Dia das Bruxas. Só um milagre vai conseguir colocar Winnie (Bette Midler), Mary (Kathy Najimy) e Sarah (Sarah Jessica Parker) de volta às trevas que merecem. Um milagre ou uma pessoa virgem. Por sorte (quem diria), Max pode ser esta pessoa. Com a ajuda de um zumbi e de um gato falante, este trio de jovens vai enfrentar este diabólico grupo de bruxas. Nesta divertida produção Disney dirigida por Kenny Ortega, a comédia é o principal predicado, ainda que as vilãs tenham seu nível de malevolosidade. O destaque fica para a deliciosa e exagerada interpretação de Midler como a líder das bruxas – e uma inesquecível versão de I Put a Spell on You é seu momento alto – e para os bons efeitos visuais, que, na época, deram vida ao gato Binx. Há tempos se fala em continuação, mas até agora um segundo Abracadabra nunca viu a luz do dia. – por Rodrigo de Oliveira

 

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Jovens Bruxas (The Craft, 1996)
Um conto sobrenatural e cheio de reviravoltas ambientado numa escola de Los Angeles e protagonizado por três jovens feiticeiras, que se autodenominam as ‘bitches’ de Eastwick. Na busca por uma nova integrante para completar o grupo, elas esbarram na novata da escola, que, deslocada e enigmática, logo se prova imprevisivelmente poderosa. Assim, está formado o quarteto místico de párias: Nancy (Fairuza Balk), a garota punk com um pai alcóolatra; Bonnie (Neve Campbell), que carrega as cicatrizes de um acidente na infância; Rochelle (Rachel True), vítima constante de preconceitos por ser negra; e Sarah (Robin Tunney), que não consegue superar a morte da mãe. Este subestimado thriller se apoia em boas atuações e num roteiro instigante, e tem na direção assertiva de Andrew Fleming um grande trunfo – principalmente na condução das sequências supernaturais. O fim da adolescência como subtexto, seus ressentimentos, conflitos e dores, ficam no segundo plano de uma narrativa que se apoia na bruxaria como metáfora para as agruras da autodescoberta na juventude. Entre bons e ótimos momentos – como o pacto com a entidade Manon selado por borboletas e a perturbadora sequência de sonho – tem-se uma deliciosa sessão, mesmo quando no replay. – por Conrado Heoli

 

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As Bruxas de Salém (The Crucible, 1996)
Do material em que se baseia ao elenco, este drama dirigido por Nicholas Hytner possui pedigree. Derivado da peça homônima do renomado Arthur Miller, que versa sobre fatos históricos envolvendo o julgamento das jovens conhecidas exatamente como As Bruxas de Salém, tem em seu rol de atores nomes fortes como Daniel Day-Lewis, Winona Ryder, Joan Allen e Paul Scofield, para ficar apenas nos mais conhecidos. A trama enfoca as decorrências do flagrante dado em rituais desconhecidos, isso em pleno século XVII. Orientadas por uma escrava africana, meninas fazem arranjos da ordem da magia branca para conseguir os namorados que pretendem. Uma delas, porém, guiada pelo ódio, resolve enveredar pela magia negra, sacrificando um animal a fim de pagar espíritos para darem cabo de sua rival no amor. O filme foi indicado aos Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante (Allen) e Roteiro Adaptado, além de concorrer ao Urso de Ouro do Festival de Berlim. Um de seus pilares é o desempenho consistente do elenco. Os ingredientes principais são ciúme, paixão, tradição e obscurantismo, elementos concentrados no triângulo amoroso que serve de gatilho aos desdobramentos trágicos, mas cuja importância é também notada nos demais personagens e situações que envolvem seres extraordinários e ordinários com tão ou mais potencial de alterar a ordem das coisas. – por Marcelo Müller

 

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Da Magia à Sedução (Practical Magic, 1998)
Se valendo da beleza de suas duas estrelas, Sandra Bullock e Nicole Kidman, esta é uma comédia romântica bastante sensual que, apesar de alguns defeitos complicados, consegue reunir em si as qualidade necessárias para ficar grafada no ideários dos cinéfilos. Apesar de não possuir uma filmografia muito inspirada, Griffin Dunne consegue conduzir um filme que harmoniza humor, tragédia, maldições familiares e claro, muita exposição de suas personagens principais, Sally e Gillian Owens, duas irmãs que tem suas vidas amorosas cortadas por uma condição tradicional de morte de seus pares amorosos. Ao descobrirem que suas tias – interpretadas com gosto por Stockard Channing e Dianne Wiest – são, na verdade, feiticeiras poderosas, elas decidem também se aventurar pelo mundo da bruxaria em busca de um solução para seus problemas. Ao longo das pouco menos de duas horas, elas conseguem aceitar sua condição natural, em uma jornada engraçada e repleta de romance. O roteiro, baseado no livro de Alice Hoffman, é bastante simples e toca em questões importantes, que envolve de maneira jocosa algumas minorias comumente excluídas, sem fazer troça ou comentários chulos a respeito destas pessoas. – por Filipe Pereira

 

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A Bruxa de Blair (The Blair Witch Project, 1999)
Usando o hoje extremamente comum formato de found footage, o longa concebido pela dupla Daniel Myrick e Eduardo Sánchez mostra o trio de estudantes de cinema Heather Donahue, Joshua Leonard e Michael Williams, que desaparecem em uma floresta na cidade de Burkittsville. Um ano depois, as filmagens que fizeram são encontradas, e é então que acompanhamos os personagens tentando fazer um documentário sobre a lenda da Bruxa de Blair, tarefa que se torna inquietante quando eles se perdem na floresta. A partir do formato utilizado e da improvisação dos atores, o filme consegue trazer certa verossimilhança às imagens, assim como no fato de os nomes dos personagens serem os mesmos de seus intérpretes. Tal verossimilhança contribui para que a narrativa fique cada vez mais angustiante à medida que avançamos na história, algo que chega ao ápice no terceiro ato, momento em que é difícil manter as unhas intactas. Incrivelmente eficiente em sua proposta, tornou-se um sucesso instantâneo, se estabelecendo como uma das grandes surpresas da década de 1990. – por Thomas Boeira

 

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Arraste-me para o Inferno (Drag me to Hell, 2009)
Grande volta de Sam Raimi aos filmes de horror, conta a história de Christine Brown (Alison Lohman), uma funcionária de um banco que, certo dia, nega a uma velha senhora um empréstimo. Sentindo-se humilhada, a idosa coloca uma maldição na garota, invocando um antigo espírito demoníaco que aterroriza a sua vítima antes de finalmente vir buscar sua alma. Percebendo seu erro tarde demais, Brown, com ajuda do namorado (Justin Long), tem de descobrir um modo de se livrar do feitiço ou de passá-lo adiante antes que seu tempo acabe. Nessa tarefa, ela passa por alguns apertos memoráveis, como a já antológica sequência em que entra em um combate corpo a corpo com a Sra. Ganush (Lorna Raver), a tal bruxa, que volta a infernizá-la de maneiras arrepiantes e, muitas vezes – a maioria delas – nojentas. Como não poderia deixar de ser em um filme do diretor, é claro. Então os fluídos rolam soltos, e sangue é o que menos preocupa nessa comédia de horror extremamente sagaz e saudosista que o cineasta conduz, em parte, como homenagem a si mesmo, remetendo diretamente à violência e ao gore vistos na trilogia Evil Dead. – por Yuri Correa

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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