Após a exibição do longa A Última Estação, na abertura do 45º Festival de Brasília, ontem, a equipe de produção se reuniu com demais participantes para um dabate. As perguntas foram dirigidas ao diretor Márcio Curi, à produtora Beth Curi, ao roteirista Di Moretti, ao ator Mounir Maasri, ao compositor Patrick De Jong. Alguns temas como parcerias internacionais e detalhes da produção foram levantadas na ocasião, que também foi marcada pelos elogios ao filme.

O filme trata da imigração libanesa no Brasil na década de 50, que hoje possui cerca de nove milhões de descendentes do Líbano, três vezes mais do que a população do país do Oriente Médio. A mediadora do debate, a jornalista Maria do Rosário Caetano, iniciou a conversa provocando a produção a falar das parcerias internacionais conquistadas pelo filme – A Última Estação, conta com parceria da Day Two Pictures, do Líbano, que viabilizou as filmagens em território libanês e será responsável pela distribuição do filme em todo o Oriente Médio. “Nós tivemos um longo período de pré-produção, ela foi muito detalhada, fizemos vários contatos. Foram quase dois anos neste trabalho e as pessoas foram aparecendo e se juntando ao projeto”, disse Beth Curi.

No filme é contada a trajetória do personagem Tarik, interpretado pelo ator libanês Mounir Maasri. E, segundo informou Di Moretti, é totalmente baseado em histórias reais. “O meu sogro é quase que uma fonte inesgotável de ideias. Não é o primeiro longa cujo roteiro eu faço me baseando em histórias dele”, contou Di Moretti. Explicou que usou parte da história em que o sogro veio para o Brasil em 1953, aos oito anos de idade, acompanhado apenas de seu irmão mais velho. “Vieram sozinhos num porão de navio. Até aí, a história é a dele, depois, seguimos outras trajetórias”, revelou.

De acordo com o roteirista, para compor a história de A Última Estação, ele pesquisou 10 famílias libanesas e entrevistou mais detalhadamente três delas. Depois conseguiu construir uma narrativa que contemplasse a história de Tarik e a de seus amigos, todas elas reais. “Quando a esposa de Tarik morre, fizemos questão que fosse em 2001, ano da grande tragédia. Entrevistei 47 libaneses e todos me revelaram o orgulho e a quase humilhação depois do que aconteceu em 2001. Queríamos que a segunda diáspora acontecesse neste momento complicado para o povo muçulmano. Este filme vem resgatar isso”.

Segundo revelou Márcio Curi, o roteiro inicialmente recebeu duas versões: uma contemplando filmagens apenas no Brasil e outra com a possibilidade de inclusão de filmagens no Líbano. E rodar naquele país só foi possível graças, principalmente, ao empenho do ator Mounir Maasri que conseguiu estabelecer novas parcerias. Mounir contou que “tinha fé” no filme e o sonho de participar de uma produção que ajudasse a desmistificar o mito romântico do libanês que vai para uma outra parte do mundo, ganha dinheiro e volta ao seu país. “Isso não é verdade” – completou o ator. “A maioria dos libaneses que deixou o país é como o personagem ‘Tarik’. Trabalhou e não conseguiu juntar dinheiro para voltar”.

A Última Estação será lançado no Oriente Médio, nos países do norte da África e em muitos outros. O diretor declarou que o filme foi produzido com R$ 3,4 milhões, além de parceiras que não envolveram recursos.

Fonte: Festival de Brasília

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