Crítica

Uma das defesas que se faz ao dito cinema de arte é que ele serve de inspiração em estado bruto, muitas vezes sendo absorvido por outros realizadores e eventualmente vendo suas repercussões chegarem ao grande público pelos filmes do mainstream. Por outro lado, existem produções como Vincent, que oferecem o sentido contrário de referências.

O personagem-título é um homem simples que trabalha com demolições. Aos poucos, o público percebe uma particularidade bem interessante no protagonista: quando está molhado, Vincent (Thomas Salvador) ganha força sobre-humana, o que permite que ele nade muito rápido e desempenhe saltos na água como um golfinho.

O cruzamento de referências se dá no encontro inevitável no longa francês com o gênero de super-herói. Apesar de ter uma estrutura narrativa distinta, Vincent faz alusões claras a Homem-Aranha (2002) e Hulk (2003), por exemplo. Só por essa curiosa intersecção já vale a pena conferir o título.

A apresentação do roteiro é outro ganho. Não sabemos como Vincent adquiriu seus poderes ou como descobriu o funcionamento deles – e isso é irrelevante para o enredo. Os filmes tradicionais de super-heróis se obrigam a narrar a origem de seus personagens principais, o que normalmente rende uma primeira aventura mais fraca para que apenas a sequência, lançada anos depois, seja mais completa.

Entretanto, Vincent tem um tropeço narrativo logo em seu início. O filme exige um bocado de paciência por parte da plateia. Felizmente, depois que todos os elementos estão em campo, o jogo flui para a experiência única que esse título proporciona.

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é formado em Audiovisual pela ECA/USP. Escreve para os sites BRCine e SaraivaConteúdo, além de colaborar para a revista Preview. Participa do programa Quadro a Quadro na TV Geração Z e de videoposts do canal Tateia. Tem experiência em sites (UOL Cinema, Cineclick e GQ), revistas (SET, Movie e Rolling Stone) e televisão (programas Revista da Cidade e Manhã Gazeta).
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