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Sinopse

Valdomiro Lacerda perdeu todo seu dinheiro em um golpe do seu sócio. Para fugir da polícia, Valdo se muda para pensão de Dona Jô, no subúrbio do Rio de Janeiro. Quando é confrontado com um plano para recuperar sua cobertura de frente para o mar, ele logo embarca na idéia, sem contar que a turma da pensão pode colocar em risco seu esquema.

Crítica

Lançado em 2013 no canal fechado Multishow, o programa Vai Que Cola combinava a ideia de teleteatro – comum desde o início da televisão no Brasil e cujo formato voltou com força após o sucesso do igualmente cômico Sai De Baixo (1996-2013) – com a crescente popularidade do astro Paulo Gustavo, que dos palcos teatrais conquistou a tevê e também o cinema com títulos como o filme Minha Mãe é uma Peça (2013) ou o televisivo 220 Volts (2011-2013). Agora, dois anos depois, chega às telas Vai Que Cola: O Filme com a ambição de se tornar um sucesso de público, agradando a audiência já familiarizada com os personagens e buscando conquistar novos espectadores em um produto melhor acabado e mais elaborado. Intenções alcançadas em parte, é importante assinalar. Afinal, o que se percebe é que, assim como no ambiente original, seus elementos individuais seguem mais interessantes do que o todo do conjunto.

Saindo do cenário dos palcos, a versão cinematográfica de Vai Que Cola tem como diferencial a ambientação em locações reais. Portanto, vê-se o Leblon – bairro de classe média alta do Rio de Janeiro – tão sonhado pelo protagonista Valdomiro Lacerda (Gustavo, com o mesmo histrionismo que lhe é característico) e o subúrbio carioca onde ele se refugia após sofrer um golpe de um sócio duvidoso (Márcio Kieling). Assim, ficamos a par da origem do seu malfadado destino: vagabundo da alta roda, acaba assinando documentos sem ler e levando a culpa por uma falcatrua que não cometeu. Com inúmeras dívidas e procurado pela justiça, precisa fugir – e qual o lugar onde ninguém do seu círculo pensaria em procurá-lo? No Méier! Lá encontra abrigo na pensão da Dona Jô (Catarina Abdalla), onde moram também o afetado concièrge Ferdinando (Marcus Majella), a perua Jéssica (Samantha Schmütz) e o namorado musculoso e sem cérebro Máicol (Emiliano d’Ávila), a viúva de traficante Terezinha (Cacau Protásio) e a loira tcheca falsificada (Fiorella Mattheis), além do faz-tudo Wilson (Fernando Caruso).

A trama, no entanto, começa quando Valdomiro recebe a proposta de voltar para seu antigo apartamento milionário, mas sem conseguir se livrar da trupe suburbana. Só que ele precisa vender o lugar para se livrar dos cobradores, e entre um comprador em potencial (Werner Schünemann) e um síndico desconfiado (Oscar Magrini), os novos-ricos de ocasião acabam se envolvendo com uma celebridade (Klebber Toledo, em participação especial) e com um juiz corrupto (Rogerio Fróes), que pode – ou não – ser a solução dos seus problemas. Tudo isso, é claro, não é mais do que mera desculpa para piadas estereotipadas, muitas delas preconceituosas com homossexuais, obesos, negros e desfavorecidos economicamente. Há, portanto, subtexto suficiente para quem decidir ir atrás de argumentos críticos no contexto proposta. Mas essa não parece ser a questão em pauta.

Vai Que Cola: O Filme tem como objetivo provocar riso, gargalhadas despreocupadas e tão intensas e fugazes quanto a própria história que está sendo narrada. O recurso da quebra da quarta parede – ou seja, quando os atores literalmente conversam com o espectador – é usado ininterruptamente, só que, ao invés de cansar, apenas potencializa o humor. Despreocupado com um enredo mais rígido e visando apenas explorar à contento os talentos individuais de cada um dos comediantes aqui reunidos, tem-se um filme que cumpre sua missão de ocupar o mercado com cores nacionais, ainda que longe de ser socialmente relevante ou memorável em seus esforços. Enfim, é feito para entreter, e isso consegue com eficiência, ainda que não sobreviva a qualquer tipo de análise mais apurada.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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