Up: Altas Aventuras

LIVRE 96 minutos
Direção:
Título original: Up
Ano:
País de origem: EUA

Crítica

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Sinopse

Carl Fredricksen é um vendedor de balões que, aos 78 anos, está prestes a perder a casa em que sempre viveu com sua esposa, a falecida Ellie. Para evitar que isto aconteça, decide levantar voo com a própria residência. Só que descobre que um problema ainda maior embarcou junto: Russell, um menino de 8 anos.

Crítica

E a Pixar conseguiu mais uma vez… Chega a ser impressionante a infalibilidade deste que é o maior centro criativo atualmente em Hollywood! Quem pensou que Wall-E (2008) havia sido o ápice da produtora, Up: Altas Aventuras mostra que sempre podem fazer mais, e melhor! Se a qualidade técnica e narrativa continua insuperável, surpresa é perceber como a aliança com a Disney realmente acrescentou ao processo, ao invés de enfraquecê-lo! Dessa forma, temos uma história envolvente e apaixonante, com lições e mensagens para pequenos e adultos, mas que agora vem a público combinada com uma delicadeza e uma magia rara, só vista antes nos grandes clássicos do estúdio do pai do Mickey. Ou seja, trata-se de um projeto que já nasce memorável.

Na última década, talvez Carros (2006) seja o único ‘passo em falso’ (sendo que ainda assim é muito bom!), qualitativamente se posicionando um pouco abaixo de companheiros como Ratatouille (2007), Os Incríveis (2004), Procurando Nemo (2003) e Monstros S.A. (2001). Este último, aliás, foi dirigido também por Pete Docter, o mesmo de Up: Altas Aventuras. E causa espanto perceber os elos de ligações entre os dois filmes, em como eles se comunicam. Se antes tínhamos um monstro peludo e uma menina chorona, agora os protagonistas são um velho rabugento e um escoteiro gordinho – ou seja, duas figuras antagônicas! E se no primeiro longa do cineasta a missão era mostrar que o desconhecido pode ser muito mais amigável do que se pode imaginar, dessa vez ele quer deixar claro como opostos podem compartilhar sonhos em comum. E, tanto lá quanto aqui, no fundo o que é dito é que a união pode fazer milagres. Independente do contexto em que esteja inserida.

Up: Altas Aventuras é composto por vários momentos marcantes. No prólogo conhecemos Carl Fredricksen (dublado por Ed Asner, no original, e por um ótimo Chico Anysio, no Brasil), um menino tímido, mas que no seu íntimo guarda um forte espírito aventureiro. Ele encontra uma alma gêmea em Ellie, uma menina espevitada e maluquinha. Desde crianças se tornam inseparáveis, seguindo o rumo natural das coisas: se apaixonam, casam e vivem juntos até a morte dela. Sozinho novamente, ele se dá conta de dois lamentos: nunca tiveram filhos (por questões de saúde) e não chegaram a realizar o maior sonho dela, que era conhecer um lugar místico na América do Sul chamado ‘Paraíso das Cachoeiras’! É quando decide amarrar milhares de balões na própria casa e partir nessa louca empreitada. O que ele não contava, no entanto, é com o roliço Russell, um garoto determinado a receber uma medalha por ‘prestar ajuda a um idoso’. Juntos, os dois passarão por alguns perigos, dificuldades e descobertas, como uma ave exótica e muito colorida e cachorros que falam, até se depararem com um inimigo à altura do desafio assumido – e que testará todos os limites deles!

Terceiro filme mais visto em todo o ano nos Estados Unidos, Up: Altas Aventuras é um impressionante sucesso de bilheteria por onde passa, tendo arrecadado mais de US$ 700 milhões ao redor do mundo! O fenômeno se repete também junto aos críticos, que o apontam como um produto excitante, hilariante e apaixonante em todos os aspectos. E é praticamente impossível discordar. Se há algum porém, é o efeito 3D, que acaba virando coadjuvante, como um acréscimo no pacote que em nenhum momento chega a ser fundamental. Este é um filme que fala com todos os nossos sentidos, aquecendo o coração, alertando a mente e contagiando sorrisos por todos os lados. Uma trama de superação, divertida e muito bem estruturada, que comove na medida certa, sem ser adocicada demais, e que ao mesmo tempo é acelerada e dinâmica sem prejudicar seu desenvolvimento. Um acerto do início ao fim, competente em combinar todos os elementos mais característicos das melhores produções Disney com a técnica e um visual arrebatador, tão identificável com a Pixar. Nada menos do que genial!

Robledo Milani

é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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