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Sinopse

Três moradores de uma pequena cidade americana encontram US$ 4 milhões dentro de uma mala num avião acidentado. A ideia inicial de manter o dinheiro escondido e não fazer nada com ele durante um tempo começa a sucumbir às pressões da vida de cada um. Para piorar, o FBI chega na cidade para investigar a possível queda na região. Aos poucos, a forte amizade que os unia se enfraquece, principalmente, depois que um deles se envolve em um acidente mortal.

Crítica

O que você faria caso encontrasse uma quantia absurda de dinheiro e não soubesse a quem a pertence? Ficaria com tudo ou entregaria o montante às autoridades? Em Um Plano Simples, Hank (Bill Paxton) cogitou a segunda alternativa quando esbarrou com milhões de dólares dentro de um avião, caído e perdido em meio à neve, com seu piloto morto e não identificável. Isso até seu irmão Jacob (Billy Bob Thornton) e o seu respectivo parceiro de pileques Lou (Brent Briscoe), dupla que fez a descoberta junto de Hank, despertarem a cobiça daquele homem. Sabendo que a grande quantia chamaria a atenção caso fosse esbanjada, Hank resolve reter o dinheiro e esperar a poeira baixar, só depois o dividindo em três partes iguais. Um plano bastante simples, como pressupõe o título do filme, mas é apenas o começo de um suspense de erros, desconfianças e muita falta de sorte.

Dirigido por Sam Raimi e roteirizado por Scott B. Smith, baseado em sua própria novela, Um Plano Simples conta com uma atmosfera de suspense muito bem trabalhada pelo cineasta. Em uma história na qual a cobiça é um dos principais motores dos personagens, qualquer coisa pode acontecer – e acontece. Fargo (1996), de Ethan e Joel Coen, foi acertadamente rotulada como uma comédia de erros assim que foi lançada. Raimi, amigo de longa data dos irmãos cineastas, fez sua própria trama na neve, mas com ares de mistério – um suspense de erros.

O trio principal toma decisões bastante duvidosas e as consequências de seus atos acabam ricocheteando contra toda a vez. Quando entendemos a situação que se desenrolará na trama, fica difícil não sentir pena daqueles três pobres diabos que acabam, de alguma forma, ganhando na loteria, mas que são pouco inteligentes para tomarem decisões corretas. Hank pensa ser o mais esperto, o mais safo, mas não consegue pensar em medidas que ajudem o trio a ficar com o dinheiro. Isso, claro, antes de cogitar ficar com todo o montante para si.

Ainda que seja uma trama na qual o espectador fique se perguntando o que será feito com aqueles milhões, Raimi e Smith não esquecem de criar um alicerce forte para sustentar este plot. Alicerce este que atende pelos nomes Hank e Jacob. A dupla de protagonistas segura o interesse do público até o fim, muito por causa da relação conturbada entre os dois. Jacob parece admirar – e até invejar – a vida que Hank leva com sua esposa, Sarah (Bridget Fonda). Nunca alvo de interesse feminino, Jacob acabou virando um pária do vilarejo, um sujeito que bebe demais e pensa de menos. Este complexo de vira-lata daquele homem o fez se aproximar de Lou, outra figura triste, que passa seus dias bebendo nos bares da cidade. Hank, por outro lado, é um sujeito responsável, correto, casado e com um filho às vésperas de nascer. Quando este trio se vê com uma colossal soma em dinheiro, Hank prontamente se oferece a guardar o dinheiro, por não confiar na ganância de Lou e na inteligência do irmão. Esta falta de confiança acabará traindo aquele trio.

Com duas indicações ao Oscar (Ator Coadjuvante para Bob Thornton e Roteiro Adaptado), Um Plano Simples é mais um dos bons filmes da carreira de Sam Raimi, mais sóbrio e sério que o habitual. O desenrolar da história é sempre interessante, apesar dos 120 minutos de duração parecerem um tanto inchados lá pelo meio do segundo ato. Nada que atrapalhe o final irônico e bem costurado, com altas doses de suspense, sangue e neve.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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