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Sinopse

Sidney Young está desiludido com o mundo das celebridades. Muito por causa do seu trabalho na revista Post Modern Reviews, cujo conteúdo principal é ironizar e flagrar pessoas famosas em atos obscenos. Um dia, o editor Clayton Harding decide oferecer a ele um emprego em uma grande revista de Nova York. É desta forma que conhece Sophie Maes, sua musa secreta, e então se vê no dilema entre adentrar no mundo das celebridades de vez ou manter-se fiel às suas origens.

Crítica

É triste ver um filme como Um Louco Apaixonado, que tinha tudo para ser a versão masculina de O Diabo Veste Prada (2006), transformado em mais uma comédia romântica tola e sem graça. Mas é justamente o que acontece no longa dirigido por Robert B. Weide, em sua estreia no cinema (após comandar por anos o seriado Curb Your Enthusiasm, 2000-2017): todos os elementos críticos e satíricos do livro de Toby Young foram eliminados, resultando em algo sem graça, nem sabor, que meramente consegue despertar interesse por causa do protagonista, o inglês Simon Pegg.

Young, ao ser transposto para o cinema, sofreu mais mudanças do que a mera troca do seu nome de ‘Toby’ para ‘Sidney’. Baseado no livro How to Lose Friends & Alienate People (um título ao menos curioso, ao invés dessa simplória versão brasileira), Um Louco Apaixonado conta a história de um jornalista inglês anárquico que é convidado para se mudar para Nova York e trabalhar numa das mais importantes revistas do mundo. Na vida real, ele foi parar na Vanity Fair, que no longa ganha o nome de Sharps. Uma vez lá, até tenta impor ser estilo rebelde, mas logo é domado pelo mundo de assessores, relações públicas, glamour e grandes estrelas. E no meio de tudo isso, tem que se decidir entre o desejo que sente por uma atriz em ascensão e a paixão por uma colega jornalista.

Simon Pegg é um ator de múltiplos talentos. Mas, pelo que se percebe aqui, ele rende muito mais quando está no seu habitat natural, em produções tipicamente inglesas, como aquele humor mais debochado e irônico. Este filme, apesar de ser produzido na Inglaterra, visa os mercados internacionais. Ou seja, o que aconteceu com o longa é o mesmo vivido pelo autor do texto em sua própria vida: perdeu a graça e a energia original para se transformar em algo tolo e banal. E nem a participação de atores normalmente notáveis, como Jeff Bridges (que tem até o cabelo prateado de Meryl Streep, mas sem as mesmas boas oportunidades) e Kirsten Dunst, conseguem melhorar a situação. A única – porém breve – presença que realmente merece uma atenção mais especial é a de Gillian Anderson (Arquivo X, 1993-2018), que a cada aparição dá um novo ânimo à cena.

Fracasso de bilheteria – arrecadou em todo o mundo pouco mais do que a metade do seu orçamento, que foi de US$ 27 milhões – Um Louco Apaixonado serve, ao menos, para mostrar que nem sempre o que o público busca é mais do mesmo. Boas surpresas sempre serão bem vindas, e não adianta nada tentar domesticar textos mais irrequietos ou mesmo selvagens. Crítica, quando bem humorada e feita com elegância, serão ouvidas e respeitadas, e serão elas que irão impulsionar quaisquer raciocínio mais elevado. E não a busca pelo amor ideal – tão utópico quanto surreal.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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CríticoNota
Robledo Milani
4
Edu Fernandes
7
MÉDIA
5.5

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