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Sinopse

Aos cinco anos de idade, a indiazinha Tainá deseja descobrir de onde veio e se tornar uma guerreira. Ao longo do caminho, faz amigos e aprende a lidar com suas diferenças para confrontar um inimigo ancestral de seu povo.

Crítica

Narrar como surgiu um personagem como Tainá, que já teve suas origens exploradas em outros dois longas-metragens anteriores, é uma decisão, no mínimo arriscada. Ainda mais dentro do contexto do cinema brasileiro, não muito afeito à sequências, que dirá trilogias. Mas essa opção, como explicou a diretor Rosane Svartman em entrevista ao Papo de Cinema, teve mais a ver com as condições que foram impostas pelas situações da produção do que por um objetivo de roteiro. Afinal, esse recomeço só se fez necessário após a escolha da pequena Wiranu Tembé – uma indiazinha de fato, com apenas 6 anos e que nem português sabia falar – para interpretar a protagonista. E esta aposta, ainda que arriscada, revelou-se fundamental para o sucesso do projeto. Tainá: A Origem se mostra, portanto, como um passo certo dentro desta vontade de consolidar uma franquia infanto-juvenil totalmente verde-e-amarela.

Ao contrário dos dois primeiros filmes, quando foi interpretada pela competente Eunice Baía – que também não tinha experiência prévia – Tainá 3 investe no jeito natural e espontâneo de Wiranu Tembé para conquistar o público. Mas sem ser preguiçoso, o filme vai além, escolhendo coadjuvante competentes, numa gama rica de personagens carismáticos e envolventes. A trama se constrói em torno de uma lenda sobre a Árvore-Mãe, aquela que teria dado origem à todas as outras e que estaria localizada no centro da Floresta Amazônica. Ao mesmo tempo em que teria sido nela que a pequena Tainá fora encontrada – após a trágica morte de sua mãe – pelo Vô Tigê (Gracindo Júnior), homem bondoso responsável por sua criação, a mítica planta seria também fruto do interesse de uma trupe de mercenários, comandados por Guilherme Berenguer (jovem, bonito e atraente, malvado na medida certa, justamente para não espantar os mais pequenos) e Leon Goes (como o capanga bobo e estereotipado que mais provoca riso do que medo).

O que os bandidos querem é encontrar a tal árvore para tentar fazer dinheiro com ela. É por isso que vão atrás do professor Teodoro (Nuno Leal Maia, deixando de lado os anos de galã para assumir com bom humor os cabelos brancos), o biólogo que melhor conhece a região. Quando ele é sequestrado, quem se dá mal é sua neta, Laurinha (Beatriz Noskoski), que se perde na floresta e é ajudada por Tainá e por Gobi (Igor Ozzy), outro indiozinho empenhado em preservar a mata de investidas mal-intencionadas. Serão os três que terão, portanto, que se unir para impedir que algo muito ruim aconteça, o que pode significar até mesmo o fim da floresta.

Repleto de belas imagens, que exploram com sabedoria nossos cenários naturais, Tainá 3 é indicado especialmente para as crianças, que deverão se encantar com os tipos engraçados, os ambientes selvagens, os animais locais e as aventuras que, se por um lado são bastante ingênuas, por outro funcionam de modo equilibrado com esse público específico. Svartman consegue se comunicar com habilidade com os espectadores mais jovens – a despeito dos seus trabalhos anteriores, voltados para uma audiência mais adulta – que respondem com entusiasmo a todos os estímulos apresentados. Vida longa à Tainá!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Robledo Milani
6
Alysson Oliveira
4
MÉDIA
5

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