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Sinopse

Dez anos se passaram e a galáxia sofreu várias mudanças, assim como Anakin Skywalker, Obi-Wan, e Padmé Amidala. Anakin cresceu como um aprendiz de Obi-Wan, que de aluno, tornou-se mestre, enquanto Padmé é agora uma Senadora. Anakin e Obi-Wan são designados para proteger Padmé, cuja vida é ameaçada por um movimento separatista. Enquanto forças preparam para se colidirem em uma batalha épica, Anakin e Padmé encontram-se divididos entre o dever, a honra e o amor proibido. Estes heróis irão fazer escolhas que irão influenciar não apenas os seus destinos, mas também o destino da galáxia.

Crítica

É uma das maiores franquias cinematográficas da história, tendo arrecadado milhões de dólares ao redor de todo o mundo em mais de trinta anos. Mas, antes disso tudo, é uma história envolvente, complexa e cativante, que aqui deu mais um passo em direção a sua conclusão final. Trata-se de Star Wars: Episódio II – Ataque dos Clones, uma produção que se mostrou melhor do que o esperado – ainda mais após o desastre que foi Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma (1999) – mas ainda assim aquém do que poderia ter sido.

A saga completa idealizada por Lucas era composta, segundo declarações do próprio, por nove filmes divididos em 3 trilogias. A primeira, chamada de “Trilogia Clássica”, é composta pelos filmes Uma Nova Esperança (1977), O Império Contra-Ataca (1980) e O Retorno de Jedi (1983), que na verdade são os episódios 4, 5 e 6 da trama. Ele decidiu começar pela metade por acreditar que essa era a fase mais aventuresca de toda a história – portanto, com mais possibilidades de arrebatar uma maior quantidade de fãs – e por julgar que na época ainda não existiam condições técnicas suficientes para a realização dos demais filmes.

Passados 25 anos depois da estreia do primeiro título, percebeu-se que Lucas tinha em mãos um grande – porém milionário – pepino. Afinal, em 1999 ele começou a trazer às telas a trilogia inicial, narrando o que teria acontecido antes dos eventos já conhecidos. Ou seja, além de ter que manter a alta qualidade técnica, visual e emocional dos anteriores, precisava também inovar na dose certa e fechar todas as “pontas” do roteiro que ficaram abertas. Foi preciso explicar muita coisa!

Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma, que chegou aos cinemas interrompendo um hiato de dezesseis anos desde o último filme a ser lançado (O Retorno de Jedi), representou uma grande decepção para todos os aficionados na série. Infantil demais, com o acréscimo de um personagem irritante (Jar Jar Binks) e de um vilão nada carismático (Darth Maul), este episódio introdutório não acrescentou nada de especial à história. Começava com surgimento de Anakin Skywalker e com o início de seu treinamento como Cavaleiro Jedi. Para quem ignora, Anakin é o futuro Darth Vader, o vilão-mor da Trilogia Clássica. A Ameaça Fantasma, porém, carecia de cenas de batalhas impactantes e de momentos dramáticos relevantes. A impressão era de que Lucas estava tão maravilhado com as possibilidades técnicas atuais que sua preocupação ficou mais concentrada com o deslumbramento visual do que em contar uma boa história.

Três anos depois, no entanto, estreou Star Wars: Episódio II – Ataque dos Clones, com uma dupla missão: fazer os ajustes necessários que faltaram no Episódio I e encaminhar definitivamente a trama para os eventos previamente revelados e acontecidos nos capítulos 4, 5 e 6. Parecia complicado, mas o diretor se saiu relativamente bem em sua empreitada. Ataque dos Clones é um competente filme-evento, um legítimo blockbuster, que satisfez os fãs à altura e ainda atraiu novos curiosos para o legado jedi.

Dessa vez a ação se desenvolve dez anos após o anterior, quando o jovem Anakin (Hayden Christensen) está cada vez mais balançado entre a razão, forte característica jedi, e a emoção, deixando-o inconstante e imprevisível. Dado a rompantes impensados, está constantemente em conflito com seu tutor, Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor). A trama começa quando ambos são chamados para proteger a senadora Amidala (Natalie Portman), antiga rainha do planeta Naboo, que está sendo ameaçada de morte. Logo descobrem que um antigo jedi, que há muito abandonou a causa, Conde Dookan (Christopher Lee), está associado à rebeldes num levante contra a república. Para impedir isso, o senado intergaláctico confere poderes supremos ao chanceler Palpatine (Ian McDiarmid), que tem como primeira medida a formação de um exército – os tais clones do título.

O principal ponto positivo de Star Wars: Episódio II – Ataque dos Clones é que ele finalmente transforma em realidade cinematográfica fatos há muito esperados por todos os conhecedores da série. Descobrimos como começou o romance que originará os irmãos gêmeos Luke Skywalker e a Princesa Léia; presenciamos um combate com todos os cavaleiros jedi juntos e ao mesmo tempo; é desvendada a origem do cultuado caçador de recompensas Boba Fett; e entendemos porque o pequeno Yoda é reverenciado como o maior Mestre Jedi de todos os tempos. E essas são apenas algumas das novidades, pra não estragar as demais surpresas.

E tem mais. Apesar de existirem alguns evidentes problemas de ritmo na condução do enredo (Lucas é melhor produtor do que diretor e roteirista), tudo se encaixa à contento, conferindo uma fluidez aos acontecimentos de forma muito mais natural. O lado cômico, tão importante na Trilogia Clássica, repousa mais uma vez em seus representantes originais, os dróides C-3PO e R2-D2, relegando o insuportável Jar Jar Binks a uma condição bem coadjuvante. E há também muito mais ação: são várias sequências de corridas espaciais, lutas de sabres de luz e de ataques guerreiros, para não deixar ninguém descontente. Mas o melhor é que, somado a tudo isso, temos um roteiro melhor elaborado, que desenvolve com maior profundidade temas caros à saga, como a aproximação cada vez mais forte de Anakin com o lado negro da força e da criação do Império, visualizado no avanço político do chanceler Palpatine.

Se Star Wars: Episódio II – Ataque dos Clones não chega a ser o melhor filme da série (esse posto ainda pertence a O Império Contra-Ataca), seu resultado o deixa anos-luz distante da frustração provocada por A Ameaça Fantasma. É um belo produto hollywoodiano, que merece ser visto e celebrado de acordo com o que se propõe. Seu maior (e melhor) problema, no entanto, é o término em suspense, que vai causar em muitos a mesma sensação já provocada no encerramento de O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel (2001): logo quando o crescente emocional está atingindo altos níveis, quando toda a platéia está ganha, entusiasmada com o que está prestes a acontecer, o filme acaba, justamente para provocar um desejo de “quero mais”. Levantando o astral, amarrou bem o caminho para uma conclusão que agora deverá ganhar novo fôlego, após o anúncio para a partir de 2015 dos lançamentos dos episódios 7, 8 e 9. A magia nunca acaba, e que a força esteja com todos nós!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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