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Sinopse

Carrie Bradshaw está casada com Mr. Big há dois anos. Eles estão bem, mas ela começa a sentir o desgaste do convívio diário a dois. Sentindo falta da vida agitada de quando era solteira, também passa a ter ciúmes do marido quando o vê flertando em uma festa. Paralelamente, Samantha é convidada a visitar Abu Dhabi. Ela aceita a proposta, desde que possa levar suas amigas. Assim o quarteto parte para um país cuja cultura é bem diferente da qual estão acostumadas.

Crítica

Muito mais glamour, festas, charme, viagens, as melhores marcas, cenários deslumbrantes, vestidos de deixar qualquer uma de queixo caído e agitos imperdíveis é o que promete Sex and the City 2. Mas o que acontece quando o filme falha em apresentar justamente o que lhe deu seu maior carisma: ‘sexo’ e ‘cidade’? Neste novo reencontro das quatro melhores amigas novaiorquinas, há de tudo um pouco, menos o essencial. Primeiro porque três delas estão muito bem casadas – e talvez isso signifique falta de sexo, já que nenhuma delas aparece transando em cena. E a quarta – Samantha, que sempre foi a mais liberal – passa mais tempo reclamando da idade do que partindo para a ação – ela até protagoniza dois encontros ‘calientes’, mas ainda assim é pouco diante do histórico da moça. Agora, difícil mesmo é suportar a ausência da quinta protagonista: New York! Mais da metade da trama se passa no outro lado do mundo, mais precisamente em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. E fora do ambiente natural delas, parte da magia também se desfaz.

Sex and the City 2 não apresenta nenhuma justificativa – em longos 146 minutos – para sua existência. Todo aquele papo tão comum entre estrelas, diretores e produtores, de que ‘para se fazer um novo filme o fundamental é uma boa história’, aqui não se aplica – afinal, não há enredo algum! Tudo é mera desculpa para um desfile de figurinos estonteantes – e absolutamente improváveis – piadas recicladas, e, acima de tudo, propaganda. Afinal, Sex and the City é sinônimo de fashion, moderno, de tudo que há de mais antenado no mundo da moda. Como resultado temos algo muito mais gay do que feminino. Ok, as quatro ainda estão lá. Mas o que realmente importa não é o que elas sentem – suas motivações internas são tão patéticas a ponto de serem risíveis – e sim o que vestem, compram, presenteiam ou visitam.

Mesmo assim, vamos ao argumento básico: após dois anos de casamento com Mr. Big (Chris Noth), Carrie (Sarah Jessica Parker) começa a reclamar da monotonia da vida em casal. Miranda (Cynthia Nixon) está com um novo chefe insuportável, e isso está tirando toda a alegria dela com o trabalho. Charlotte (Kristin Davis) não tem lidado muito bem com o stress de ser mãe de duas meninas pequenas, além do ciúme com a babá gostosona. E Samantha (Kim Cattrall)… bem, essa continua igual. Apenas mais velha – o que pra ela é um problema e tanto. Sem muito o que fazer, as quatro decidem ir para o meio do deserto, a convite de um sheik milionário que bancou o último filme do astro Smith Jerrod (Jason Lewis), o ex de Sam. Lá as coisas complicam um pouco quando Carrie se depara com Aidan (John Corbett), e após um jantar romântico a dois… bem, dá pra imaginar o que acontece!

Mas esse aparente ‘nada’ absoluto não significa que Sex and the City 2 seja chato. Aliás, muito pelo contrário. Chega a ser impressionante o quão bem eles conseguiram disfarçar a ausência de uma história mais consistente, que realmente nos conduzisse a algum lugar. As quatro personagens estão mais unidas, e se parecem muito mais com aquelas a que nos acostumamos a ver na série de televisão, ao contrário do que foi mostrado no filme anterior. Há, sim, ótimos momentos – afinal, não é todo dia que podemos nos deliciar com Liza Minelli cantando (e dançando) “Single Ladies”, da Beyoncé! – e sequências que são um verdadeiro sonho. E se tudo é mera desculpa para nos depararmos mais uma vez com velhas e conhecidas amigas, ao menos a diversão é garantida. Pode faltar sexo e cidade, mas sobram boas risadas, muita espumante e eventos de tirar o fôlego de qualquer desavisado. Alguma dúvida de que um terceiro episódio já foi encomendado? Afinal, ainda há muito comercial a ser feito!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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