Seguindo Nazarin
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Sinopse
Diretor do Centro Buñuel de Calanda, terra natal de Luis Buñuel, o cineasta Javier Espada segue as pegadas do grande diretor espanhol durante a realização de Nazarin (1959), um dos grandes trabalhos de sua fase mexicana, vencedor do Grande Prêmio do Júri em Cannes em 1959. Munido de uma velha câmera Leica, idêntica àquela usada por Buñuel para a realização das fotos prévias das locações, no estado de Morelos, Espada redescobre os cenários e bastidores da produção. Além disso, entrevista pessoas que conheceram o diretor e também cineastas, como os mexicanos Arturo Ripstein e Carlos Reygadas.
Crítica
Uma das escolhas mais importantes que um cineasta (ou qualquer outro comunicador) faz é qual o alcance da sua mensagem. Ao realizar o documentário Seguindo Nazarin: O Eco de uma Terra em Outra Terra, Javier Espada claramente não considerou como público-alvo as pessoas que não conhecem a obra de Luis Buñuel (Esse Obscuro Objeto do Desejo, 1977).
A proposta do filme é voltar para as locações usadas em Nazarin (1959) para verificar como estão hoje, quase 60 anos depois das filmagens comandadas por Buñuel. A ideia é interessante, mas esbarra na total falta de vontade do cineasta em contextualizar melhor o que se passa. Se houvesse uma cena inicial minimamente didática, com sinopse e ano de produção de Nazarin, as coisas ganhariam mais relevância para um público muito maior.
Exceto pelo problema apontado, Seguindo Nazarin faz tudo certo: entrevista especialistas e pessoas envolvidas no filme original, ilustra as falas com cenas e o que mais se pode esperar de um documentário com esse tema. No entanto, por causa do lapso de contextualização, o longa só conversa com meia dúzia de gatos pingados.
Há obras que não conseguem escapar de um hermetismo, como o cinema experimental; mas não é o caso desse título. Javier Espada parece não ter considerado o potencial que seu filme teria para conquistar novos admiradores a Buñuel. O mais triste é que esforçar-se nessa frente não comprometeria a experiência dos iniciados.
O formato do longa é envolvente, com fotos das gravações mescladas com registro atuais em vídeo dos mesmo locais pelo interior do México, mas seu discurso poderia ser mais profundo. Do jeito que está, Seguindo Nazarin parece um piloto de série documental, como se em cada episódio “seguíssemos” algum filme clássico. Portanto, quem ama Nazarin e Buñuel tem a obrigação de assistir ao documentário, mas também tem a obrigação de não convidar um amigo desavisado para a sessão.
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