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Sinopse

Ao completar 21 anos, Tim descobre que os homens de sua família têm a capacidade de viajar no tempo. Ainda que não possa alterar o rumo da História, pode mudar os acontecimentos de sua vida. Assim, decide voltar alguns dias para arranjar uma namorada. É quando conhece Mary, por quem se apaixona.

Crítica

Se você pudesse reescrever sua vida, alterando episódios do seu passado, o que mudaria? Essa é a pergunta que se faz Tim (Domhnall Gleeson) pela primeira vez no dia que completa 21 anos. É quando seu pai (Bill Nighy) lhe informa a respeito de um dom especial que os homens de sua família possuem: fechados em um lugar discreto – um armário, por exemplo – de punhos cerrados e bastante concentrados, eles conseguem voltar até um determinado momento de suas histórias, tendo assim a oportunidade de corrigir eventuais deslizes. Mas, como todo filme de viagens no tempo demonstrou anteriormente, cada vez que algo já ocorrido é alterado, as consequências futuras podem ser imprevisíveis. Tanto para o bem, quanto para o mal. Com um risco tão alto em jogo, continuará válida tal oferta?

Este é o principal confronto enfrentado pelo protagonista de Questão de Tempo, mais uma irresistível obra da produtora inglesa Working Title, a mesma de outros tantos sucessos, como o recente Rush: No Limite da Emoção (2013) e o oscarizado Os Miseráveis (2012). Mas a gênese deste atual projeto, no qual os espectadores poderão depositar suas mais confortáveis expectativas, está no diretor e roteirista Richard Curtis, indicado ao Oscar pelo texto de Quatro Casamentos e Um Funeral (1994) e cineasta responsável pelo emocionante Simplesmente Amor (2003). Os mesmos sentimentos e ideais pregados nestes trabalhos anteriores, todos dotados de um lado humano muito forte, sempre privilegiando boas atuações e tramas de fácil identificação, estão novamente reunidos nesse conto um tanto fantástico, mas acima de tudo contagiante.

Tim é um jovem como qualquer outro. Não há nada de especial nele – ou ao menos era o que ele pensava até descobrir essa habilidade especial. Morando no interior da Inglaterra com a famíia, sonha em se mudar para Londres, estudar e começar uma profissão. Tudo vai lhe acontecendo conforme o previsto, porém sem muita graça. A situação muda ao conhecer por acaso Mary (Rachel McAdams), durante um encontro literalmente às escuras. Porém um imprevisto profissional só poderá ser resolvido se ele fizer uso do seu poder e retornar até alguns dias atrás. Feito isso, a garota dos seus sonhos desaparece de sua vida. E até reencontrá-la, irá aprender à muito custo o preço de cada ato impensado.

Questão do Tempo é uma jornada pela vida desse rapaz e daqueles que lhe são próximos. Iremos acompanhá-lo durante seus dias de solteiro, o surgimento do amor, o casamento, os primeiros filhos. Mas nem tudo serão boas notícias, e temos também a irmã problemática, a mãe reclusa, o pai doente. Há bons e maus momentos, da mesma forma como acontece a cada um de nós do lado de cá da tela. E talvez seja justamente esse o maior mérito do filme: ser simples, básico e direto, porém dotado de uma magia facilmente reconhecida, aquela que mostra o quão precioso é o ato de apenas estarmos vivos, com todos os erros e acertos que cometemos diariamente. Às vezes, o melhor não é poder fazer mais, e sim apenas ter a disponibilidade de apreciar tudo de incrível que está ao nosso redor e que ignoramos basicamente por falta de... tempo!

Sucesso de público (quase US$ 70 milhões arrecadados em todo o mundo) e elogiado pela crítica, Questão de Tempo se apoia também no bom elenco. Domhnall Gleeson (filho de Brendan Gleeson) tem aqui sua primeira oportunidade como protagonista e revela um carisma inesperado. Rachel McAdams está luminosa, muito melhor do que no lacrimoso Te Amarei Para Sempre (que possuía uma trama similar), de 2009. E Bill Nighy mostra, no pouco que aparece, porque é um dos melhores intérpretes ingleses da atualidade. Apaixonante, cativante, envolvente: faltam adjetivos que possam descrever com precisão o que esse filme provoca no espectador que o receber de braços abertos. A viagem, aqui, é mais emocional do que física, e não precisa ser nenhum gênio para perceber que o artifício apontado pelo roteiro está ao alcance de todos, bastando para isso apenas acreditar.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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