Quem se importa
Crítica
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Sinopse
Quem se importa apresenta diversas (felizes) histórias sobre empreendedorismo social. Entre os entrevistados, estão Muhammad Yunus (Prêmio Nobel da Paz) e Bill Drayton (fundador da Ashoka). O documentário reúne os mais importantes expoentes do setor social do mundo.
Crítica
Depois de um início titubeante na ficção (Alô?!, de 1998, e Avassaladoras, de 2002), Mara Mourão se tornou uma das mais respeitadas documentaristas brasileiras com o ótimo Doutores da Alegria (2005), um trabalho que mostrava tanto o seu potencial como cineasta quanto seu olhar sobre o mundo, preocupada com causas sociais e problemas comuns a todos. Premiada no Festival de Gramado e aplaudido por onde passou, esse filme pode ser encarado, hoje, como um preview deste Quem se importa, o longa mais recente da diretora. Dessa vez ela radicaliza sua preocupação com o atual estado do homem e do mundo em que vivemos, mostrando em diferentes cantos do planeta o que pessoas que compartilham com ela essa inquietação estão fazendo por um futuro melhor. E só por essa preocupação já se justifica, ainda que enquanto obra cinematográfica fique aquém da expectativa levantada.
Alguns filmes merecem ser vistos pelo que são, outros pelo que representam. Este é o caso de Quem se importa, um documentário que se apresenta dentro de moldes convencionais, sem grandes arroubos visuais ou formato inovador, mas ainda assim traz consigo um tema de grande importância. E é neste ponto que Mara Mourão vai atrás: ela quer saber, de fato, quem se importa com o mundo em que vivemos e, acima de tudo, com o que deixaremos de herança aos nossos descendentes. Espectadores, realizadores, pessoas de destaque e cidadãos comuns, todos são envolvidos por este questionamento, e de uma forma ou outra os diversos entrevistados aqui selecionados apresentam atitudes que provocaram mudanças nos mais diferentes âmbitos e que, acima de tudo, podem servir como exemplos aos demais, principalmente aos que estão do lado de cá da tela.
Com uma narração muito bem dirigida de Rodrigo Santoro, Quem se importa começa no Brasil para dar, literalmente, uma volta por todo a Terra. Filmado em sete países, a jornada segue pelo Peru, Estados Unidos, Canadá, Suíça, Alemanha e Tanzânia. Nestes lugares mais diversos oferecem seus depoimentos homens e mulheres que interferiram diretamente tanto em suas comunidades mais próximas como também num contexto muito maior. Os casos são bastante distintos uns dos outros, levantando questões como economia, saúde, educação, ecologia, meio-ambiente, sustentabilidade, violência e muitos outros. O objetivo é mostrar que, em casos assim, toda boa intenção é importante, mas esta só se torna verdadeiramente válida quando acompanhada de um movimento e, assim, constituindo uma força transformadora.
O maior porém de Quem se importa é que, tudo que é demais, lá pelas tantas cansa. São muitos os entrevistados, que se intercalam com tamanha frequência que os mais atentos encontrarão alguma dificuldade em acompanhar quem fez o que, e quando, e onde. A longa duração da obra, com mais de 90 minutos de duração, também o torna repetitivo, porque por mais diferentes que sejam suas atitudes, entre si todas possuem o mesmo objetivo: alterar realidades contraditórias e mostrar que não adianta nada ficar esperando pelos outros, pois na maioria das vezes a solução para qualquer problema está em nossas próprias mãos. Uma vez que essa mensagem é compreendida, tudo o mais se resume a seguir martelando na mesma tecla. Com um objetivo social e educacional de extremo significado, poderia também ter se preocupado em ser mais cinema. Mas isso talvez fosse pedir demais.
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