Poltergeist: O Fenômeno
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Sinopse
Uma família começa a ser assombrada por forças sobrenaturais que, inicialmente, pareciam inofensivas. Quando a caçula é misteriosamente levada através do tubo da TV, eles precisam encontrar uma forma de trazê-la de volta.
Crítica
Em determinado momento de Poltergeist: O Fenômeno, versão atualizada do clássico B lançado em 1982 e produzido por Steven Spielberg, o especialista em fenômenos paranormais Carrigan Burke (Jared Harris) tenta manejar à distância um drone que deve ser enviado ao lado sobrenatural da realidade. Porém ele logo bate numa parede, e ao invés de insistir no comando, passa imediatamente o controle para o pequeno Griffin (Kyle Catlett), filho menor do casal cuja família está sendo assombrada. Essa cena resume bem a proposta dessa refilmagem e o que mudou em relação ao Poltergeist: O Fenômeno original: se antes tínhamos um filme sério que tratava o inexplicável com a maior maturidade possível, agora tem-se um longa tecnicamente competente, porém genérico demais em seu formato e que ambiciona ser não mais do que um passatempo passageiro para jovens em busca de diversão imediata.
A família Bowen, motivada por problemas financeiros, precisa se mudar para uma casa nos subúrbios. Lá, pai, mãe e os três filhos, assim que chegam, já começam a perceber elementos estranhos. A primeira a ser afetada é a caçula, Maddy (Kennedi Clements), que começa a falar com “amigos” imaginários escondidos no armário do seu quarto. Porém quem de imediato se mostra preocupado com o lugar é Griffin, ao contrário do que era visto na versão anterior, em que o pequeno Robbie (Oliver Robins) era somente mais um da família. Dessa vez o personagem adquire uma importância ainda maior que a dos pais, vividos por Sam Rockwell e Rosemarie DeWitt. O que, numa análise mais apurada, não chega a ser um problema graças ao talento do pequeno Catlett, que havia demonstrado competência suficiente como protagonista no fantástico Uma Viagem Extraordinária (2013). O perturbador, portanto, não é o intérprete, e sim a infantilização geral da abordagem.
O que acontece a seguir é que a pequena Maddy é raptada pelos espíritos do mal, e abre-se um portal para esta outra dimensão, da qual é preciso resgatá-la. Para tanto, chamam-se estudiosos de atividades sobrenaturais para ajudá-los. Três décadas atrás esse argumento poderia ser inovador o suficiente para superar as carências técnicas da época, mas hoje a mesma proposta já foi tão usada e desgastada que é preciso um pouco mais. Principalmente pelo enredo ser demasiadamente similar ao do recente Invocação do Mal (2013), este, sim, um bom e assustador exemplar do gênero. É neste ponto que o diretor Gil Kenan peca pelo exagero: assim como fez na animação A Casa Monstro (2006), ele transforma a residência em uma entidade própria e com vontades específicas, indo além do conceito de poltergeist explicitado pelo título. Para isso, abusa-se dos efeitos especiais mais modernos – principalmente na metade final – e, como é de praxe, tudo que é demais acaba sendo cansativo e perdendo seu efeito.
Rockwell e DeWitt, dois atores de carreiras bastante diversificadas, que vão de blockbusters à projetos independentes e experimentais, parecem desconfortáveis em se sujeitarem a uma produção tão caça-níqueis quanto essa. Harris, por outro lado, tem pouco o que fazer em cena, e é possível afirmar que ele esteve melhor no recente A Marca do Medo (2014), se for para ficarmos na mesma seara. Convincentes, de fato, são as crianças, ainda que nenhuma delas tenha uma presença em cena tão marcante quanto a de Heather O’Rourke, a menininha loira que estrelou todos os longas da trilogia anterior. O novo Poltergeist: O Fenômeno consegue provocar bons sustos e mantém o interesse da audiência durante a construção da trama, mas logo perde-se em um excesso de referências e na inabilidade do realizador em dizer a que veio, sem justificar essa releitura que deverá ser rapidamente condenada ao esquecimento, assim como todas as sequências posteriores ao sucesso dirigido por Tobe Hooper.
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