Pingo D’Água
Crítica
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Sinopse
De estrutura entrecortada e filmado em três cidades brasileiras muito diferentes umas das outras, Pingo d’água é um filme que mostra o deslocamento no espaço como busca de uma outra identidade, e o ato de viajar, como olhar para dentro de si. Uma obra de atmosfera intrigante e envolvente, de imagens que evocam de forma simples e real, mistérios da natureza humana como a dificuldade nos relacionamentos, o medo e a libertação pessoal.
Crítica
A sinopse oficial de Pingo D’Água não revela sua história, mas explica suas ambições. Segundo ela, o filme “culmina em um jogo de seres e símbolos, onde os atores são confrontados a si mesmos”. Assim, quem não entender do que se trata a obra não terá um amparo oficial.
O longa foi gravado em três momentos distintos, que são montados de forma embaralhada. Há cenas em São Paulo, uma releitura de Esperando Godot em Tiradentes (MG) e uma festa performática no interior do Pernambuco.
Todas as cenas nascem de uma proposta inicial do diretor Taciano Valério (Onde Borges Tudo Vê, 2012), mas seguem livres na improvisação do elenco. Essa opção inevitavelmente gera cenas cuja ação se perde e com seus ritmos internos sem calibração.
Por outro lado, Valério é inventivo em seus gatilhos dramáticos, o que traz momentos de originalidade. A “cena da mala” traz impacto e fica na memória. Outra boa ideia é uma DR entre a personagem de Melissa Gava com seu par romântico. O rapaz carrega em suas mãos o microfone direcional que capta o som da cena, o que revela mais claramente o conceito de “ponto de audição”, em oposição ao ponto de vista, dado pela câmera.
No campo além-filme, Pingo D’Água nos faz pensar na falta de roteiro, uma opção que alguns cineastas autorais adotam. Em um processo sem rédeas, os realizadores esperam não conter a criatividade. Entretanto, essa saída muitas vezes soa como muleta para um vale-tudo cinematográfico e um escudo para não se comprometer com a compreensão do espectador.
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