Pássaro Branco na Nevasca
Crítica
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Sinopse
Eve Connors, mãe de Katrina abandona a família, deixando todos em estado de choque. Kat e seu pai tentam colocar a vida em dia, mas logo a jovem começa a ter sonhos perturbadores. Aos poucos, ela irá perceber que há uma verdade terrível por trás do desaparecimento da mãe.
Crítica
Cineasta independente, conhecido por filmes de baixo orçamento e alta controvérsia, o californiano Gregg Araki acabou conquistando prestígio e, com ele, a possibilidade de ter atores conhecidos em suas produções. Neste título não foi diferente e ele ainda repete a experiência de adaptar um livro, iniciada com Mistérios da Carne (2004) – que foi, inclusive, premiado em Berlim. Pássaro Branco na Nevasca foi baseado em "White Bird in a Blizzard" (título original), da escritora americana Laura Kasischke.
Na história, uma jovem é atormentada por estranhos sonhos após o desaparecimento da mãe. Durante as conversas com a analista, as revelações vão permitindo que ela (e o espectador) perceba algo de estranho no comportamento das pessoas mais próximas, como o pai e o namorado. Disposta a ir mais fundo, ela vai atrás de um policial para que ele investigue o caso, acaba se envolvendo com ele e termina descobrindo uma triste e chocante realidade.
Do elenco, o destaque vai para Shailene Woodley, convincente como protagonista neste longa bem diferente do sucesso A Culpa é das Estrelas (2014). Eva Green dá um showzinho na pele da mãe maluquete e Christopher Meloni está bem como o pai deprimido. O elenco conta ainda com Shiloh Fernandez, Angela Bassett e Gabourey Sidibe. Entre as curiosidades, Thomas Jane na pele do detetive e ainda a participação da Sheryl Lee, que interpretou o personagem Laura Palmer na cultuada Twin Peaks (1990-1991), criação de David Lynch. Investindo com vontade no uso de flashbacks e na narração, o roteiro de Araki (não é trocadilho) contempla surpresas, busca envolver o espectador naquela aura de mistério, mas pode deixar a desejar para muita gente. Parte disso se deve ao núcleo adolescente, que explora um providencial estereótipo do amigo gay e da amiga gorda e negra. Pode não ser, mas soa como coisa de "cota".
Por outro lado, vale frisar a dose de sensualidade, com direito a nudez moderada, o toque de fantasia e, principalmente, a trilha sonora de Robin Guthrie, um dos fundadores do Cocteau Twins, que trabalhou nos premiados Kaboom (2010) e o já citado Mistérios..., de 2004. Com isso, a turma que curte um bom shoegaze, aquele rock alternativo inglês, vai se esbaldar com músicas do The Cure, Pet Shop Boys, Depeche Mode, New Order, The Jesus & Mary Chain, The Psychedelic Furs, Siouxsie and the Banshees, Echo & The Bunnymen, entre outros. É ver para crer. E ouvir para curtir.
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