Os Mercenários 3

Crítica

Sinto informar a quem curte filmes do gênero, mas a fórmula se desgastou. Os Mercenários 3 é uma recauchutagem das “tramas” dos dois filmes anteriores (2010 e 2012) e tem como pior falha o inimaginável: as cenas de ação. No entanto, os fãs de Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren, entre outros, podem ficar sossegados. O longa ainda diverte, mesmo que falhe em alguns momentos. Além de tudo, apresenta novos personagens com os astros Mel Gibson, Harrison Ford, Wesley Snipes e Antonio Banderas.

O roteiro até consegue ir um pouco além, apesar de apresentar uma trama batida. Anos atrás, Barney Ross (Stallone) criou o grupo de mercenários ao lado de Conrad Stonebanks (Gibson), que se tornou um terrorista. O personagem do eterno Rambo julgou ter matado seu amigo/inimigo, mas ele retorna em busca de vingança. Com o time desfalcado, é preciso sangue novo. Por isso jovens com talentos tecnológicos são recrutados para a equipe. E a partir daí surgem as desculpas para duas horas de explosões, brigas e tiroteios.

O grande problema de Os Mercenários 3 é a sensação constante de deja vú. Se nos dois primeiros longas isto era divertido, aqui começa a se tornar cansativo. Por isso, é um alívio a introdução de Gibson como um vilão totalmente sem escrúpulos e um Banderas mais que à vontade de totalmente palhaço, roubando a cena sempre que aparece. Não fosse pelos dois, não haveria tanta graça e o tédio poderia se instaurar no espectador.

Apesar disso, o grande trunfo do filme encabeçado por Stallone é o de sempre: não se levar a sério. Então é bom ir sempre preparado para muito acontecimentos estapafúrdios e muito, mas muito humor. A cena inicial, com a libertação de Wesley Snipes da prisão, é um bom exemplo. O personagem foi preso pelo mesmo motivo que o ator na vida real: sonegação de impostos. Quer piada melhor do que rir de si?

Os Mercenários 3 enfrentou um grande problema em seu lançamento nos EUA e que pode prejudicar sua estreia em outros países, inclusive no Brasil: uma cópia pirata do filme “escapou” para a rede um mês antes de seu lançamento, com cerca de 180 mil downloads apenas nas primeiras 24 horas. O negócio para quem não viu o longa online é entrar de cabeça sem pensar em nada e se divertir ao máximo com o que é oferecido. Se o público espera algo inteligível, vai sair decepcionado do cinema. Não deve ser o caso.

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Matheus Bonez

é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.

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