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Sinopse

Em Nova York, os cientistas Peter Venkman, Ray Stantz e Egon Spengler trabalham no departamento de psicologia da Columbia University e se dedicam ao estudo de casos paranormais. Quando são despedidos, Venkman sugere que abram um negócio próprio: a exterminadora de fantasmas "Ghostbusters". Inicialmente só têm despesas e nenhum cliente, mas eis que surge Dana Barrett, uma violoncelista que teve uma experiência assustadora em seu apartamento.

Crítica

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Os Caça-Fantasmas é um dos filmes que melhor resumem o cinema pipocão da Hollywood dos anos 1980. Com um abuso descompromissado dos efeitos analógicos (o novo brinquedo dos produtores na época), o diretor Ivan Reitman, que jamais voltaria a acertar tanto em sua carreira, conduz uma comédia com pinceladas de horror (ou, sejamos honestos, “terrir”) recheada de sexy appeal e gags recorrentes. O roteiro é de dois dos protagonistas da produção, os sempre precisamente cômicos Dan Aykroyd e Harold Ramis, que, com notável humildade, reservam boa parte das piadas ao seu colega de elenco e amigo, Bill Murray – que provavelmente ganhou dos companheiros a liberdade de apenas interpretar a si mesmo, o que é um dos pontos mais positivos do filme.

Murray é o Dr. Peter Venkman, um para-psiquiatra mulherengo que não consegue deixar de impregnar cada fala sua com sarcasmo, ironia ou condescendência (quando não todos ao mesmo tempo). Ele e seus amigos de um departamento mal visto na universidade são expulsos, pois considerados charlatões. O grupo, que sabe ser real a existência de fantasmas em Nova York, cria seu próprio quartel general, ganhando mais adiante fama e prestígio pelos serviços prestados (capturar aparições paranormais). Entretanto, há quem ainda “não compre” suas histórias. E enquanto o time, formado também por Ray (Aykroyd), Egon (Ramis) e Winston (Ernie Hudson) lida com as autoridades que tentam desativar seus serviços, Dana Barrett (Sigourney Weaver) precisa de ajuda para lidar com uma estranha anomalia em seu apartamento, que pode muito bem colocar em risco toda a cidade.

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Partindo já da boa ideia de basear os Caça-Fantasmas em um antigo posto de bombeiros, associando-os a um serviço social essencial, o longa-metragem soma pontos quando se dá ao luxo de usar o excepcional comediante Rick Moranis como personagem secundário, um alívio cômico reincidente. Além disso, tendo também uma grande quantidade de efeitos práticos, o projeto envelheceu com elegância, mantendo seu charme em sequências como aquela em que muitas mãos demoníacas saem de dentro de uma poltrona, ou outra em que vemos Dana ser levantada da cama por uma força invisível, que é até mais ousada (pelo ângulo e pelos movimentos) do que a cena clássica e muito semelhante vista em O Exorcista (1973). Porém, claro, no quesito terror essas duas produções jamais se equiparam. A verdade é que Os Caça-Fantasmas nunca pretende assustar, e por mais aterrador que possa ser a imagem, um cadáver dirigindo um táxi, por exemplo, logo vira piada.

O Stay Puft, famoso monstro gigante de marshmallow, se torna o grande algoz a ser derrotado no clímax. Uma figura rechonchuda que já surge em cena hilária, justamente pelo contraste entre sua concepção visual adorável e as ações destrutivas. Porém, não só dessas gags que o projeto sobrevive, já que bons diálogos são mantidos entre os personagens. Em particular, as conversas entre Murray e Weaver (ou Moranis e Weaver) são bastante dinâmicas. É apenas um pouco decepcionante, claro, que, fazendo jus à época, eles sirvam apenas como escadas para os protagonistas, estes mais bem “desenvolvidos” – ou para que suas piadas sejam.

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Portanto, ao final, assistir a Venkman levando Dana no colo e dando-lhe um beijo como seu herói salvador acaba sendo a parte mais datada de Os Caça-Fantasmas. Nem mesmo a trilha nada sutil de Elmer Bernstein, que graças a uma mixagem de som absurda parece entrar e sair de cena bruscamente, consegue ser tão marcada na década de 1980. Mas releva-se, a diversão e o entrosamento do time principal ainda conduzem com facilidade o espectador pelas quase duas horas de duração – se por nada, ao menos para ver Stay Puft surgindo, o que é sempre algo notável.

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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CríticoNota
Yuri Correa
8
Robledo Milani
8
MÉDIA
8

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