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Sinopse

Claus von Stauffenber é um coronel alemão que se envolve numa conspiração para assassinar Adolf Hitler.

Crítica

Após trocar várias vezes de data de lançamento, Operação Valquíria acabou chegando aos cinemas dos Estados Unidos no dia de Natal – bem entre os que visam um espaço entre as premiações dos melhores do ano e em busca das grandes bilheterias do feriadão. Pena que o filme não atingiu nenhum dos dois objetivos! Isso, no entanto, pode ser explicado por diversos motivos, menos pela falta de qualidade da produção – apesar de realmente estar longe de ser excepcional, também não pode, de forma alguma, ser considerada um desastre – muito antes pelo contrário. Eficiente em suas propostas e dotado de um elenco impressionante, é um produto bastante competente, mas que acabou tropeçando em fatores além dos seus méritos.

O maior empecilho na carreira de Operação Valquíria, por mais incrível que isso possa parecer, é justamente aquele que deveria ser seu ponto forte – o protagonista Tom Cruise. Os mais afetados pelas loucuras cometidas por ele nos últimos anos foram justamente seus filmes, e assim como os bons Missão Impossível 3Leões e Cordeiros, seu novo trabalho também ficou aquém das expectativas. E ele está tão empenhado em mudar esta imagem que promoveu até uma turnê 'volta ao mundo' (visitando inclusive o Brasil) para mostrar sua família – a esposa Katie Holmes e a filha Suri – como se pessoas acessíveis e bastante normais. O que todo mundo sabe que não está nem próximo da realidade! Mas, a despeito disso, Cruise não chega também a estar eficiente enquanto ator. Longe dos bons trabalhos que já estrelou, como Nascido em 4 de Julho e Magnólia, ele parece estar envelhecendo sem conseguir deixar de lado a pose de galã, deixando evidente a ausência de maleabilidade e a falta de nuances em suas interpretações. Ao contrário de Brad Pitt, por exemplo, que recentemente mostrou duas facetas completamente opostas em Queime Depois de Ler e O Curioso Caso de Benjamin Button, Tom é sempre igual. E isso cansa.

Desta vez ele aparece como o Coronel Claus Von Stauffenberg, um militar nazista que, em 1944, insatisfeito com os rumos da Alemanha na Segunda Guerra Mundial, acaba se envolvendo numa conspiração para assassinar Adolf Hitler e por fim ao genocídio judeu. Como esta trama é inspirada uma curiosa e inspirada história real, todos já sabem como irá terminar – afinal, ninguém matou Hitler, tendo ele próprio se suicidado, em 1945, aí sim encerrando o conflito. Mesmo assim, é quase impossível não se pegar torcendo pelo sucesso da empreitada! É muito interessante perceber como entre os seus seguidores havia um número bem considerável de rebeldes, que discordavam dos ideais pregados por aquele governo e ansiavam pela paz global. É muito fácil cair no clichê de que todos os alemães eram vilões, mas a realidade é sábia em revelar que nem tudo é tão simples assim. E, tal qual filmes recentes como O Leitor e Um Homem Bom deixaram bem claro, muitos dos envolvidos apenas tiveram o azar de estar no lugar errado na hora certa – ou seria o contrário?

Com um impressionante time de coadjuvantes – de onde se destacam Tom Wilkinson e Bill NighyOperação Valquíria ganha também pontos pela mão competente do diretor Bryan Singer, que apesar de conduzir com elegância o enredo não consegue evitar alguns deslizes, muitos deles proporcionados pelo roteiro de Christopher McQuarrie (vencedor do Oscar por Os Suspeitos) e o novato Nathan Alexander. Apesar de estarmos em plena Alemanha Nazista, e no meio de uma ação secreta militar – ou seja, um ambiente frio em que tudo deveria ser rigidamente calculado – o filme vez ou outro exagera no sentimentalismo, jogando para públicos que deveria evitar. Assim, conhecemos a família do herói, suas façanhas, ímpetos e sofrimentos, tudo no sentido de nos identificarmos com ele. Mas quem não ficaria simpático a alguém que pretende acabar com o maior genocida do último século? Desta forma, o que é atingido fica aquém das possibilidades prometidas. E quando elas se anunciavam em tanta demasia, é quase impossível evitar um lamento.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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