Onde Vivem os Monstros
Crítica
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Sinopse
Max (Max Records) é um garoto que está fantasiado de lobo, provocando malcriações com sua mãe (Catherine Keener) por ciúme devido à presença de um amigo dela (Mark Ruffalo). Como castigo, ele é mandado para o quarto sem janta. Desta forma, Max resolve fugir da casa e usa a imaginação para criar uma misteriosa ilha, para onde vai de barco. Lá ele encontra vários monstros, que vivem em bando. Max diz que possui superpoderes, o que faz com que seja nomeado rei do grupo. Responsável por evitar que a tristeza tome conta do lugar, ele passa a criar uma série de jogos para mantê-los em constante diversão. Nesta tarefa, Max se aproxima de Carol (James Gandolfini), que tem um gênio imprevisível.
Crítica
O diretor Spike Jonze entrou para o cenário hollywoodiano com dois filmes que apostavam na criatividade e na imaginação para conquistar o público. E depois de Quero Ser John Malkovich e Adaptação, Onde Vivem os Monstros pode parecer uma aposta um tanto arriscada, mas na verdade é nada mais do que uma demonstração do amadurecimento do cineasta. Ele continua inventivo e original em sua forma de abordar assuntos de interesse geral, porém agora com um foco ainda mais aprimorado.
Onde Vivem os Monstros é baseado no livro infantil homônimo, escrito por Maurice Sendak décadas atrás. Neste meio tempo, mais de uma vez pensou-se em adaptar essa aventura mágica de grande sucesso para a tela grande, porém sem nunca ir até os finalmentes. Foi preciso que um cineasta diferenciado, acostumado com temas absolutamente adultos, resolvesse investir tempo e esforços para que a versão cinematográfica se tornasse realidade. E o melhor: a espera é mais do que justificada. O que vemos agora é algo sensível, comovente e ainda assim dono de características bem especiais, que a tornam ao mesmo tempo acessível aos pequenos e bastante comunicativa com um público de idade mais avançada. Ou seja, universal.
O protagonista de Onde Vivem os Monstros é um garoto, com aproximadamente 10 anos de idade, em plena crise. O pai é ausente, a mãe está sempre ocupada entre o trabalho e o novo namorado, a irmã não tem paciência, os colegas estão distantes. Num dia em que a crise se agrava, motivado por um castigo que considera injusto, ele decide sair de casa correndo, sozinho. A partir desse momento os limites entre realidade e fantasia passam a se embaralhar. É quando a criatividade da criança ganha forma e imagem. O menino não é mais solitário, pois cria para si mesmo um mundo povoado por criaturas aparentemente monstruosas, mas que não são nada mais do que representações dos sentimentos contraditórios que ele mesmo enfrenta em casa e nas relações que o cercam. Há o carinho, a raiva, a paixão, o interesse, o descaso, a fúria, o orgulho, a solidariedade. Cada um encarnado por um tipo diferente, mas que combinados simbolizam com perfeição tudo o que se passa dentro dele, seus pensamentos, dúvidas e angústias.
Onde Vivem os Monstros é um filme infantil, e não é. É uma obra para adultos, e não é. É uma ode à imaginação infantil, mas é também uma lição de vida e sabedoria. É fantasia, é encantamento, é educação, é alegria e tristeza. Mais real impossível, mais mágico é difícil visualizar. Somente um autor como Spike Jonze para tornar viável um conto de amor e esperança como esse, sem deixar de lado do doce-amargo que nos acompanha desde os primeiros anos, mostrando que ao lado de cada conquista há uma derrota, cada suspiro precisa de um fôlego que o justifique, cada debate necessita de uma lógica que o sustente. E é de pequeno que aprendemos essas leis naturais. Não importa a idade quando finalmente a aceitamos como verdade. Hoje, ontem, amanhã e sempre. Tanto na tela grande como no nosso dia a dia.
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