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Sinopse

Num futuro em que a superfície da Terra foi destruída, os raros humanos restantes vivem sobre as nuvens, fugindo dos alienígenas que andam pelas ruínas. Mas quando Jack, especialista em reparar o habitat terrestre, descobre uma mulher misteriosa, dá origem a uma série de eventos que o forçarão a questionar tudo o que conhece.

Crítica

Já dá para desconfiar da verdade em Oblivion quando sabemos que o protagonista, Jack Harper, teve suas memórias apagadas antes mesmo de iniciar missão numa Terra assolada. Por que seria necessário tornar inacessíveis esses dados pretéritos? Apenas para fazer do protagonista alguém mais competente ou no intuito de ocultar a verdade servidora apenas de um senhor? Por si, tal dado confere previsibilidade à trama, mas, calma, virão outros de função semelhante. Apesar disso, é bom enxergar a realização de Joseph Kosinski sustentada não na surpresa ou no impacto das revelações, e sim na junção minuciosa de tecnologia (efeitos visuais, principalmente) e artesania criativa. Esta, inclusive, dará conta de aglutinar ideias já utilizadas por outros sci-fis, sem que as mesmas soem (ao menos não em demasia) meramente requentadas.

Após o planeta ser devastado em guerra nuclear contra alienígenas alcunhados “saqueadores”, Jack (Tom Cruise) vive seus dias correntes em 2077 entre a observação e eventuais reparos dos robôs que patrulham as máquinas responsáveis por fornecer energia à humanidade habitante numa das luas de Saturno. Ele tem a companhia da oficial de comunicação Victoria (Andrea Riseborough), com quem mantém caso amoroso. A luta diária contra o inimigo é assombrada por fragmentos de memória, mais especificamente o rosto de uma mulher (Olga Kurylenko) e o Empire State Building. Não precisamos de muita bagagem cinematográfica para ligar as lembranças misteriosas da figura central com algo que pode mudar a trajetória do enredo.

Difícil seguir esmiuçando a trama sem ao menos arranhar a experiência de quem ainda não viu, por isso paro aqui, atendo-me aos já citados elementos que Oblivion reaproveita a seu bel prazer. Examinando rapidamente, no longa se vê pitadas de O Vingador do Futuro (1990), Matrix (1999), Lunar (2009) e até de 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968). Há privilégio do caráter escapista e pouco acréscimo ao filão, verdade seja dita. Feitas as ressalvas, porém, é bom lembrar que ao cinema também compete entreter, e nesse tocante o filme é bastante feliz, pois repleto de boas cenas de ação, uma história de amor bem ao gosto hollywoodiano (sacrifícios, perdas, inevitabilidades), belo desenho de produção e inspirada construção sonora.

Com boa vontade, Oblivion pode ser categorizado “entretenimento acima da média”. Decepcionará, no entanto, caso sobre ele recaiam expectativas mais exigentes. Fãs sensíveis às convenções do gênero poderão aferrar-se em demasia à deficiência de ideias vanguardistas, perdendo, assim, a possibilidade de aproveitar o filme por outros vieses. Como ainda não existe pecado em se emocionar e curtir uma obra da qual não necessariamente se saia arrebatado (graças, afinal somos humanos), há o mérito de oferecer prazer enquanto dura. Contudo, é bom dizer, esperar ele sobreviver para além da sessão pode ser caminho sem volta rumo à frustração.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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