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Sinopse

Após cair em desgraça em Los Angeles devido a uma operação fracassada, Ray Owens parte para o interior e assume a posição de xerife em uma pequena cidade na fronteira dos Estados Unidos com o México. O que ele não esperava era que um poderoso chefão das drogas, que escapou recentemente da prisão, quisesse cruzar a fronteira exatamente na cidade onde trabalha. Para enfrentá-lo, Ray precisa reunir todo o pessoal que tem à disposição.

Crítica

Arnold Schwarzenegger, após anos envolvido com a política, decidiu voltar ao cinema. E para marcar este retorno ele poderia ter escolhido dois caminhos, a exemplo do amigo Sylvester Stallone: revisitar antigas franquias de sucesso (novos episódios das sagas Exterminador do Futuro ou Predador, 1987, por exemplo) ou retomar o espírito oitentista numa produção assumidamente nostálgica (como Os Mercenários, 2010). Mais inclinado por esta segunda opção – afinal, até uma participação especial no citado longa ele fez – o astro austríaco consegue em O Último Desafio o melhor – ou o pior, dependendo do ponto de vista – destes dois mundos. Aos 65 anos reaparece pela primeira vez como protagonista em 10 anos (seu último trabalho como ator principal havia sido O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas, de 2003) num personagem exatamente igual a muitos que encarnou nos anos 1980 e 1990, mas de forma honesta e sincera. Afinal, ele está de volta para fazer exatamente o mesmo de sempre. Quer você queira ou não.

Em O Último Desafio, Schwarzenegger é Ray Owens, um xerife de uma pequena cidade próxima à fronteira com o México um busca de um final de carreira tranquilo. Acostumado a retirar gatos presos no alto de árvores e aplicar multas de trânsito, um pulga surge atrás de sua orelha quando encontra um fazendeiro vizinho assassinado, logo após estranhos surgirem pelas redondezas. O que ele não sabe é que, naquela mesma noite, um ousado plano foi colocado em prática em Las Vegas para libertar um chefão do narcotráfico à caminho da pena de morte. Solto, o que o vilão pretende é fugir para o sul, mas para isso terá que enfrentar a resistência do policial do interior decidido a fazer justiça, custe o que custar.

O Último Desafio é um legítimo produto de Hollywood, pensado em todos os detalhes para agradar a maior fatia possível de espectadores. Pra começar, temos Schwarzenegger de acordo com o esperado, sem surpresas ou novidades – e os fãs o querem tal e qual era antigamente, quebrando tudo que surgir pelo caminho, igual ao mítico Comando para Matar (1985). Mas não são apenas esses que vão aos cinemas hoje em dia, e por isso algumas novidades foram necessárias. Primeiro temos o diretor coreano Kim Jee-Woon, acostumado com obras de terror e aventura, estreando no cinema americano, para dar um ar mais contemporâneo. Depois, há os talentosos latinos Rodrigo Santoro e Eduardo Noriega, que juntos oferecem um toque internacional ao elenco visando agradar às plateias estrangeiras. Temos ainda um vencedor do Oscar como coadjuvante (Forest Whitaker) e um popular comediante televisivo (Johnny Knoxville), um para despertar o interesse dos mais cinéfilos e o outro para motivar a curiosidade dos jovens.

Com tudo isso combinado nesse liquidificador de referências, quem se sai melhor mesmo é Schwarzenegger. Afinal, é para ele que o filme foi feito e é também por ele que a maior parte do público irá se dispor a pagar um ingresso para conferir quase duas horas de perseguições automobilísticas, carros explodindo, tiroteios sem fim, brigas incansáveis e muito barulho. Felizmente, O Último Desafio possui bom humor suficiente – mesmo que em algumas situações ele seja involuntário – para manter a audiência de olhos abertos. Há piadas sobre idade, frases de efeitos (“Quem é você?”, para a resposta “Eu sou o xerife!”), efeitos competentes e até o nosso Santoro ficando com a mocinha no final. Claro que quando vemos o invencível Arnold Schwarzenegger tendo que contar com a ajuda de uma velhinha octogenária para limpar sua cidade, sabemos que as coisas não são mais as mesmas. Mas às vezes é bom se iludir com esse tipo de fantasia escapista e inconsequente.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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