Crítica

Ah, animações genéricas. Como elas tem infestado os cinemas ultimamente. Produções que até podem aparentar serem bonitas, com gráficos impecáveis, personagens carismáticos e tramas de fácil acesso, que não agridem ninguém. Talvez o maior problema delas seja a falta de ambição que não as permita ser apenas uma diversão rasa para os pequenos, mas sim algo com mais substância que atraia os adultos, com os recentes Frozen: Uma Aventura Congelante (2013) e Uma Aventura LEGO (2014), dois filmes tão distintos, mas que conversam ao se mostrarem um bom entretenimento “para os maiores”. Porém, não é o caso deste O Que Será de Nozes?, uma produção tão simples que logo será esquecida.

A história é uma extensão do curta-metragem Surly Squirrel (2005), de Peter Lepeniotis, que também dirige este longa e tem como maior nome no currículo sua participação como animador em Toy Story 2 (1999). A trama é simples: com a chegada do inverno, os animais de um parque estão preocupados com a escassez de comida. O líder, o guaxinim Racoon (voz de Liam Neeson) planeja assaltar um carrinho de amendoim. O problema é que os dois esquilos convocados para a tarefa, Grayson (Brendan Fraser) e Andie (Katherine Heigl), precisam dar um jeito no egocêntrico Surly (Will Arnett), que ao lado do ratinho mudo Buddy, pretende fazer o mesmo. O plano não dá certo, a última árvore com reservas de nozes é destruída e os animais precisam tentar roubar o alimente de um depósito que serve de fachada para gangsteres humanos roubaram um banco.

O principal problema do argumento não é ser clichê, mas sim o modo como ele é desenvolvido. Há o protagonista egocêntrico e antipático que é “incompreendido” pelos outros, mas no fundo tem um bom coração, o herói que é meio acovardado, a mocinha durona, etc. Todos trabalhados de maneira rasa. Quando os humanos são inseridos então (todos maléficos e traiçoeiros), é a cereja do bolo. É a velha luta do bem e do mal, vista tantas vezes e de formas bem mais criativas. Ninguém pede uma obra-prima, apenas um pouco mais de originalidade. Sem falar que são tantas subtramas inúteis entre personagens que dizem menos ainda que dá para perceber porque o curta foi tão bem sucedido. Não era necessário fazer uma animação de quase 90 minutos. Cortasse metade, estaria de bom tamanho.

Ainda que apresente um desenho de produção que não deve nada à Pixar e Dreamworks, por exemplo, O Que Será de Nozes? esquece de dois aspectos primordiais em qualquer boa animação que se preze: bom humor e emoção. As piadas são bobas e apenas as marmotas que soltam gases (sim, exatamente isso) são realmente engraçadas pelo simples fato de estarem ali. Quando chega ao ponto de inserir o hit musical (já flopado há um bom tempo) Gangnam Style, do coreano Psy, como seu tema principal, não há dúvidas que este filme realizado entre EUA, Canadá e Coreia do Sul foi mais do que malsucedido. Na dúvida, fique com o curta. Muito mais divertido e vai direto ao ponto, sem causar sonolência.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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