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Sinopse

Robert McCall é um ex-oficial das forças especiais que simulou sua morte para viver uma vida tranquila em Boston. Quando precisa sair de sua aposentadoria auto-imposta para resgatar uma jovem, Teri, ele se encontra frente a frente com gangsters russos ultra-violentos. Enquanto pratica atos de vingança contra todos os que agem brutalmente sobre pessoas indefesas, o desejo de justiça de McCall se reacende.

Crítica

Robert McCall (Denzel Washignton) – ou seja lá qual for seu verdadeiro nome – é uma espécie de Batman. E com certeza esconde sobre a fachada de assalariado comum uma fortuna tão grande quanto a de Bruce Wayne, o que indica que a CIA deveria pagar muito bem os seus agentes. Pelo menos é isso que O Protetor deixa a entender quando sugere que era lá que se empregava o nosso protagonista antes de decidir vingar a surra que traficantes russos de mulheres aplicam na jovem Teri (Chloë Grace Moretz). A vendeta, entretanto, acaba chamando a atenção de Teddy (Marton Csokas), uma letal e habilidoso investigador a serviço desta rede criminosa internacional.

Antoine Fuqua é quem assume a direção, reafirmando a parceria com Washington depois de ter lhe rendido um Oscar há treze anos por Dia de Treinamento (2001). Irregular em sua filmografia, mas constantemente um bom maestro de sequências de embates, Fuqua, que já comandou o eficiente Lágrimas do Sol (2003), mas também os péssimos Rei Arthur (2004) e Invasão à asa Branca (2013), aqui volta em boa forma; tomando seu próprio tempo para filmar o roteiro frágil de Richard Wenk, é o grande responsável, ao lado dos dois atores principais, pelo bom funcionamento do projeto. Assim, intercala planos pacientes com outros rápidos inseridos em montagens frenéticas rematadas com tratamentos de imagem um tanto incomodativos. O que lembra um pouco, na verdade, a direção de outro grande parceiro de Washington, o recentemente falecido Tony Scott (1944-2012).

Primeiramente estabelecendo a rotina de cidadão comum de Robert, não demora até que o longa-metragem revele as insuspeitas habilidades do mesmo, que fazem jus ao título de protetor, ou equalizador, no original – realmente, ambos fazem sentido. Metódico, ele anda sempre acompanhado de um livro, já que em certo ponto revela estar tentando alcançar a marca de cem lidos, que era o objetivo de sua esposa antes de falecer. Porém, soa divertido para o espectador que todos os títulos escolhidos pela mulher pareçam comentar a realidade atual do nosso herói; Don Quixote, O Velho e o Mar e O Homem Invisível estão entre as obras a que se dedica. Seu intérprete, portanto, sempre um ator admirável, não se poupa de preencher McCall com a melancolia dosada que exerce em seus momentos íntimos, equilibrando-a com uma positividade espontânea com que trata aqueles aos seu redor.

Aliás, O Protetor deixa que aqui e ali fique transparente a origem televisiva de sua trama, que envolve diversos outros pequenos subplots que em nada parecem influenciar no grande arco de enfrentamento entre Robert e Teddy. Este embate é a alma do filme, e Fuqua entende isso, construindo com cuidado cada um dos dois personagens e seus respectivos e paralelos trajetos antes que esses se choquem. Quando isso acontece, o diretor se controla e prefere construir a tensão de um primeiro embate apenas intelectual, depois tático, então de personalidades – no ótimo diálogo que se passa em um restaurante: “ele não vai voltar” – só para que apenas o clímax contenha, enfim, um confronto físico e estratégico entre os antagonistas. Neste quesito, Marton Csokas faz uma ótima oposição ao carismático Washington, justamente ao alimentar várias de suas características; tão metódico quanto, Teddy também é intenso e carismático quando quer, e o medo que sentimos pelos que estão a sua mercê é justificado porque sabemos do que ele é capaz.

Talvez Antoine Fuqua tenha, inclusive, se apaixonado demais por seus próprios personagens, e alonga a finalização do filme um pouco mais do que devia. O travelling circular no protagonista com efeitos de transição na montagem é quase vergonhoso quando surge próximo ao encerramento, tentando enaltecer uma figura que não precisaria que lhe dedicassem mais tempo para isso. Com certeza, os últimos cinco minutos seriam dispensáveis, por mais que sirvam para pontuar sem dúvidas a história toda. Tivesse terminado logo após o seu bem construído clímax, O Protetor conseguiria uma cotação um pontinho maior.

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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