Crítica

Premiado nos festivais de Veneza (Itália), da Catalunha (Espanha) e de Mainichi (Japão), O Castelo Animado é mais um exemplo da mente fantástica e criativa de Hayao Miyazaki, um dos maiores gênios da animação do cinema moderno. Considerá-lo o “Walt Disney japonês” é pouco, pois o criador do Mickey Mouse era mais um administrador, marqueteiro e relações públicas do que desenhista, enquanto o responsável por obras-primas como A Viagem de Chihiro (2001) e Meu Amigo Totoro (1988), apenas para citar alguns de seus trabalhos mais importantes, é um artista completo, no sentido mais amplo da palavra.

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Lançado no Japão no fim de 2004, O Castelo Animado foi um fenômeno de bilheteria local, assim como no resto do mundo – ao todo, arrecadou mais de US$ 235 milhões. Bom para Miyazaki, melhor ainda para os Estúdios Disney, responsáveis pela distribuição internacional do longa. Agora, impressionante mesmo é ver como a imaginação sem limites desta aventura repleta de magia, ilusão e fantasia consegue atrair – e conquistar – públicos tão distintos, que aqui se unem numa só expressão, a do bom cinema.

Esta é a história da doce Sofia, uma chapeleira que, certo dia, encontra casualmente Hauru, um feiticeiro tão lindo quanto misterioso. Ela não tem ideia de quem ele seja, ao contrário de uma bruxa invejosa que, ao vê-los juntos – mesmo que o encontro tenha sido passageiro –, decide jogar sobre ela uma maldição: de adolescente, passa a ter a aparência de uma octogenária. Sem saber o que fazer, a agora velhinha decide se refugiar no castelo de Hauru, uma máquina móvel onde moram também um pequeno aprendiz e um demônio do fogo. Os quatro irão enfrentar perigos diversos, desde novos ataques mágicos até ameaças mais reais, como a iminente guerra entre diversos países.

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A fonte aparentemente inesgotável de referências e sugestões que pipocam a todo o instante em O Castelo Animado é um dos maiores atrativos deste longa. Isso, embrulhado numa animação tradicional e totalmente encantadora, faz deste um programa recomendado para todas as idades. Os pequenos certamente se encantarão com o mundo onde tudo é possível, no qual se entra por uma porta num praça florida e, ao abri-la novamente, se depara com nuvens brancas aos seus pés. Pássaros majestosos, espantalhos companheiros e cachorros enigmáticos são algumas das tantas surpresas presentes para conquistar corpo e mente. Já aos adultos será quase impossível permanecer alheio a este universo de cor, graça e extrema inteligência, onde a lógica, apesar de parecer ausente, dita suas regras com imensa sabedoria. Uma obra completa, e feliz daqueles que souberam apreciá-la por inteiro.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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