Crítica


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Sinopse

Enquanto um ano está acabando para outro nascer, a vida de várias pessoas se entrelaçam numa grande cidade.

Crítica

Pois é, como afirma o ditado popular, o raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Após o inexplicável sucesso de Idas e Vindas do Amor (2010) – título nacional absurdo para o original Valentine’s Day, ou seja, Dia dos Namorados – que custou US$ 50 milhões e arrecadou quatro vezes esse valor em todo o mundo, nada mais natural que querer repetir o feito, agora explorando um outro feriado universalmente conhecido. A escolha natural recaiu para o réveillon, e por isso agora temos pela frente esse Noite de Ano Novo, elaborado exatamente com a mesma estrutura do longa anterior, tendo o mesmo realizador no comando e até nomes que se repetem nos dois elencos – mas com um resultado bem aquém do esperado.

Se Idas e Vindas do Amor não era grande coisa, esse Noite de Ano Novo representa o desgaste da fórmula de juntar um monte de rostos conhecidos e plasticamente belíssimos numa série de encontros ao acaso, com ligações bastante ocasionais entre eles. Não uma história a ser narrada, e sim vários momentos superficiais e aparentemente bonitos que se passam todos no mesmo dia: 31 de dezembro, na virada de ano. O cenário é um só: Nova York, a cidade mais cosmopolita do mundo. Já as tramas são as mais banais e previsíveis possíveis. Nenhuma emociona particularmente, e tudo o que temos são astros testando suas popularidades, disputando entre si qual é o mais lembrado pelo público. Por que, de resto, não há muito com o que se envolver.

Halle Berry é e enfermeira que está cuidando de Robert De Niro, que é pai da Hilary Swank, que é responsável pela bola de neve gigante que dá início à contagem regressiva em Times Square. Na festa dela irá tocar o Bon Jovi, que é apaixonado pela chef Katherine Heigl, que trabalha ao lado de Sofía Vergara. Uma das cantoras de apoio do show é Lea Michele, que fica presa no elevador com Ashton Kutcher, colega de apartamento de Zac Efron, que promete realizar a lista de desejos de Michelle Pfeiffer. Ah, ainda temos Jessica Biel, Seth Meyers, Sarah Paulson e Til Schweiger disputando quais serão os pais do primeiro bebê do novo ano, enquanto que Josh Duhamel precisa urgentemente voltar para a cidade pois tem um importante encontro à meia-noite com Sarah Jessica Parker, que por sua vez está determinada a não liberar a filha Abigail Breslin sozinha para festejar com os amigos.

Quando a melhor coisa de um filme são os erros de gravação exibidos durante os créditos finais, devemos ficar seriamente preocupado. E é exatamente isso que acontece em Noite de Ano Novo. As únicas risadas genuínas surgem somente após o término do longa, quando vemos os astros – afinal, estamos ali por eles, não? – como eles mesmos, se divertindo com palhaçadas até infantis, mas ainda assim cômicas o suficiente para amenizar o sentimento de frustração por todo um projeto que demonstra tanto cuidado em diversos aspectos, menos no que realmente é fundamental: um roteiro conciso e bem elaborado que fale do que mais importa nessa época do ano, os sentimentos que temos uns pelos outros. E filme sobre recomeços, novas chances e paixões de última hora que deixa o coração e a alma de lado não tem como, mesmo, dar certo.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Robledo Milani
5
Ailton Monteiro
5
MÉDIA
5

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