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Sinopse

Um grupo de estudantes registra a passagem de um tornado e a devastação causada pelo fenômeno natural na cidade em que vivem.

Crítica

O que esperar de um filme chamado No Olho do Tornado além de muitos efeitos especiais? A produção resgata uma febre há muito em voga em Hollywood – a dos filmes-catástrofe – e a atualiza apenas em efeitos tecnológicos – as visões dos tornados gigantes são realmente impressionantes. No que diz respeito à trama em si, no entanto, deixa muito a desejar: tem-se novamente os mesmos clichês do gênero – há espaço até para cachorro sobrevivendo à tempestade – e discursos burocráticos e melodramáticos, que servem somente para irritar o espectador que quer se divertir sem muita preocupação. Talvez seja por isso que o filme tenha se revelado um fracasso de bilheterias nos Estados Unidos, país reconhecido por enfrentar desastres naturais como os aqui retratados.

No Olho do Tornado possui três núcleos de histórias bem definidos. De um lado há os caçadores de furacões, que ganham a vida atrás destes fenômenos e que são liderados por Pete (Matt Walsh, da série Veep, 2012), o chefe da expedição, e Allison (Sarah Wayne Callies, da série The Walking Dead, 2010), a expert no assunto. No centro temos o professor de uma escola de ensino médio (Richard Armitage) que está preparando os alunos para a formatura de final de ano. E por fim há o filho rebelde que resolve abandonar a cerimônia para ficar ao lado de uma possível namorada em um trabalho escolar numa fábrica abandonada nos arredores da cidade. Todos se reunirão, é claro, quando (1) os caça-tornado registrarem na região a possibilidade de um tufão sem precedentes que deverá ir direto para a (2) escola onde quase toda a cidade estará reunida, devastando tudo pelo caminho, inclusive (3) os escombros onde os dois jovens estão, exigindo que uma força tarefa vá ao encontro deles para salvá-los.

Não há muito mais a se desvendar no filme de Steven Quale, pupilo de James Cameron que foi supervisor de efeitos especiais e diretor de segunda unidade de Avatar (2009). Esse histórico deixa claro qual foi a preocupação maior do realizador: um visual arrebatador, porém com pouco conteúdo que sustente o formato. As motivações dos personagens são bastante básicas – o garoto quer conquistar a paixão adolescente da escola, os retardados querem ficar famosos no youtube protagonizando besteiras diante das câmeras, a técnica deseja apenas voltar para casa e reencontrar a filha pequena. Os cruzamentos entre eles se dão também de modo muito óbvio, em meio à correria das tragédias, sem tempo para nenhum tipo de desenvolvimento. Isso pode soar atropelado, mas por um outro lado acaba sendo positivo, pois com tipos tão pouco carismáticos como os aqui vistos, é melhor logo torcer para que o tornado faça o que prometeu e acabe logo com tamanha bobagem.

Outro ponto de incômodo de No Olho do Tornado é a necessidade de fazer um filme no estilo found footage, ou seja, como se fosse um registro feito pelas câmeras dos próprios envolvidos no episódio, num modo quase documental. Porém nem mesmo essa regra é seguida à risca, e a todo instante é rompida por sequências mais profissionais, intercaladas por outras amadoras ou simplesmente mal feitas. No final, resta somente como curiosidade ver Armitage, popular como Thorin, o líder dos anões na trilogia O Hobbit, aparecendo de cara limpa e no seu tamanho natural. Para os fãs, fica a dica. Agora, para todos os demais, o que mais choca é sentir saudades das vacas voadoras de Twister (1996) – ao menos lá havia uma certa inocência envolvida. Aqui é meramente descartável. E nada mais.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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