Crítica

Imogene é a legítima mulher de trinta anos das comédias hollywoodianas contemporâneas. Está na casa dos 30 anos, acabou de perder o emprego como resenhista numa editora, o namorado a deixou por outra mais nova e mais bonita e ela está desesperada para se casar. Não muito diferente de outra personagem de sua intérprete, Kristen Wiig, no genial Missão Madrinha de Casamento (2011). Porém, mesmo sem apresentar nada muito novo, a atriz é o principal motivo para ficar de olho em Minha Vida Dava um Filme, longa que passou batido nos EUA.

Após esta sucessão de perdas, assim digamos, Imogene tenta se suicidar com uma overdose de remédios. Com a psique abalada, ela é obrigada a sair de Nova Iorque e ficar sob os cuidados da mãe, Zelda (Annette Bening), voltando à sua terra natal, onde vai morar com seu irmão Ralph (Christopher Fitzgerald), o novo padrasto, George Bousche (Matt Dillon) e o cantor Lee (Darren Criss), que agora paga aluguel para morar em seu quarto. O plot, apesar de não ser original, diverte, ainda mais quando Zelda e Ralph descobrem um segredo do passado sobre seu falecido pai, o que leva metade do elenco de volta à Big Apple.

Os diretores Shari Springer Berman e Robert Pulcini, do bom Os Acompanhantes (2010), do irregular Diário de uma Babá (2007) e do excelente Anti-Herói Americano (2003) apresentam um trabalho eficiente, sem descambar para a comédia pastelão, por mais que em alguns momentos pareça que isto vai acontecer. O clima fica mais de uma "dramédia" em boa parte do tempo, tornando crível a transformação de Imogene para compreender melhor sua excêntrica família.

Muito deste trabalho se deve, é claro, ao elenco competente. Kristen Wiig é natural ao interpretar este tipo de papel, pois a atriz tem um timing cômico sutil, uma voz suave que parece se encaixar na personalidade introspectiva de Imogene. Se Dillon e Fitzgerald estão acima do tom, apesar de suas contrapartes pedirem, quem rouba a cena é Annette Bening numa interpretação divertidíssima como a mãe perua e sem noção. Mesmo que, fora da tela, ela seja apenas 15 anos mais velha que sua filha. Por fim, Darren Criss mostra que há vida fora do seriado Glee, onde ele interpreta o chatinho Blaine. Seu personagem, apesar de também ser cantor, vai por outra vertente.

Minha Vida Dava um Filme teve uma carreira tímida nos EUA, arrecadando pouco mais de um milhão de dólares. Seja pela péssima estratégia de distribuição, pelas críticas negativas ou pela decepção por quem esperava por um novo Missão Madrinha de Casamento, na verdade o filme é apenas uma comédia que realmente passa despercebida, apenas cumpre o que promete. O espectador pode dar boas risadas, se emocionar em alguns momentos, mas no outro dia nem vai lembrar mais. E talvez nem fosse esta intenção mesmo.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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