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Sinopse

Um sujeito rico se casa com uma mulher cleptomaníaca (alguém que não consegue resistir ao impulso de furtar objetos desnecessários para a sua vida). Ele tenta ajuda-la a se curar desse distúrbio.

Crítica

Filmado no final de 1963, Marnie: Confissões de Uma Ladra (1964) é a segunda parceria do diretor Alfred Hitchcock com uma de suas atrizes preferidas, considerada por muitos como uma das musas e, conforme até já foi retratado, grande obsessão: Tippi Hedren. Trazendo uma história focada no psicológico de sua personagem-título, o diretor trata da cleptomania, um distúrbio psicopatológico que faz com que o indivíduo roube impulsivamente, sem grande consciência do ato.

A trama é baseada no livro de Winston Graham sobre Marnie, uma mentirosa compulsiva e cleptomaníaca que consegue um trabalho como secretária. Porém, alguns meses depois de empregada, ela rouba do escritório uma grande quantia de dinheiro. Fugindo, acaba conseguindo uma nova ocupação, momento que conhece Mark Rutland (Sean Connery). Reconhecendo a ladra, ele acaba impedindo-a de ir embora e de roubar, forçando um casamento com a protagonista. Aos poucos, Mark começa a entender os verdadeiros esquemas da personagem e o que são seus conflitos psicológicos, após contratar um detetive particular. A conclusão é que este distúrbio de Marnie é originado por algum trauma de infância, confirmação que chega após confrontar a esposa com sua mãe. E, claro, para Rutland, só há uma forma de encerrar o ciclo sem fim de roubos e fugas: voltar ao passado e enterrar seja o que for que estiver lá.

Hitchcock havia oferecido o papel de Marnie, primeiramente, para Grace Kelly, que na época estava afastada de Hollywood pelo casamento com o Princípe de Mônaco. A atriz acabou desistindo do papel, pois acreditava que retornar às telas como uma ladra não fosse bom para sua imagem.  Melhor para Tippi Hendren, que entrega aqui a sua melhor performance ao criar uma Marnie que somente aos poucos mostra sua vulnerabilidade. E bem longe de exagerar no drama, Hitchcock constrói a personagem e o casal que forma junto a Mark Rutland muito bem, apesar de ter em cena o Sean Connery galã e um tanto mecânico. Constituindo um relacionamento que inicia frio, os dois aos poucos se tornam cúmplices e abrem espaço para seus personagens co-existirem muito bem em cena.

Mas nem só de elogios vive a produção. Infelizmente, a direção de arte em alguns momentos é falha. Em especial em uma cena que envolve um acidente de cavalo. O fundo utilizado na cena é explicitamente falso e muito mal desenvolvido. É claro que esse pequeno detalhe e um ou outro não prevalecem no resultado final. Marnie é um triunfo de Hitchcock, com uma atmosfera que somente um mestre do suspense seria capaz de criar e possibilitar: uma personagem tão errante e, ainda assim, capaz de ganhar a torcida dos espectadores. Marnie é aquele filme de Hitchcock que merece sempre ser redescoberto.

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é graduado em Cinema e Animação pela Universidade Federal de Pelotas (RS) e mestrando em Estudos de Arte pela Universidade do Porto, em Portugal.
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