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Sinopse

Um policial veterano é colocado para trabalhar ao lado de um mais jovem e com tendências suicidas, tendo os dois em comum o desgosto por agirem em dupla. Porém, uma gangue de traficantes vai fazer com que tenham de unir forças.

Crítica

O ano é 1986. Durante a época de Natal, um suicídio não tão incomum acontece em Los Angeles. Alta pelo uso de drogas, uma moça se joga do topo de um prédio. Para investigar o caso, é chamado à cena do crime o sargento em vias de se aposentar Roger Murtaugh (Danny Glover). Ele se surpreende ao saber que o pai daquela garota é Michael Hunsaker (Tom Atkins), seu antigo companheiro de guerra, homem que tentou entrar em contato com ele dias antes da morte da filha. Para piorar a situação, a autópsia mostra que as drogas que ela usou estavam adulteradas e se ela não tivesse pulado, teria morrido de qualquer jeito. O caso é intrincado e Murtaugh receberá ajuda de um novo companheiro, Martin Riggs (Mel Gibson). O policial é visto como muito instável, com tendências suicidas. Depois de ter perdido a mulher em um acidente de carro, Riggs passou a se portar de forma perigosa. Agora, estes dois policiais completamente diferentes um do outro terão de encontrar um ponto em comum para resolver este caso. Isso é Máquina Mortífera, um dos melhores filmes de ação da década de 1980, dirigido por Richard Donner.

O roteiro foi escrito por Shane Black, que pensou em revisitar o clássico clima de ação policial dos filmes de Dirty Harry, estrelados por Clint Eastwood. A diferença principal aqui é a presença de senso de humor. Black ficaria conhecido pelos seus textos espirituosos, de diálogos rápidos, com personagens inteligentes e sempre no limite. Bastava um bom elenco para dar vida às suas palavras. Mel Gibson, recém saído da bem sucedida trilogia Mad Max, pareceu um nome forte para encabeçar o elenco ao lado de Danny Glover. Richard Donner conta que os dois logo construíram uma relação de amizade, ajudando e muito na necessária química que surgiria entre Murtaugh e Riggs. E é esta parceria que se mostrou o segredo do sucesso de Máquina Mortífera. Muito mais do que um filme de ação, pura e simples, o longa-metragem nos apresenta uma dupla dinâmica que começa aos trancos e barrancos, mas que logo deslancha como um time azeitado. Não fosse a força destes dois amigos e o filme não seria tão divertido (e não geraria tantas continuações).

Os méritos são do elenco e da direção, mas também passam por Shane Black, que escreveu dois personagens muito intensos e reais. Em Murtaugh temos o pai de família, o policial responsável e regrado que está pensando seriamente em se aposentar para curtir os filhos e a esposa. Riggs, por outro lado, não tem mais ninguém. Sem nada a perder, o policial vira uma “máquina mortífera”, completamente instável e insano. Ao fazer dupla com Murtaugh, ele acaba ganhando uma nova família e uma segunda chance. Vendo nos dias de hoje, pode parecer meio batido, visto que os buddy cop movies ficaram muito populares. Mas, na época, existia um frescor que não passou despercebido pela audiência e pela crítica. O filme foi uma das 10 maiores bilheterias do ano de 1987 nos Estados Unidos e conseguiu uma indicação ao Oscar, na categoria Melhor Som.

O filme tem um dos melhores vilões da franquia, o perigoso Mr. Joshua (Gary Busey), que sai no braço com Martin Riggs em uma das cenas mais memoráveis do longa. E tem algumas boas cenas de ação, como a perseguição a pé que o protagonista empreende para alcançar o vilão em fuga. Mas é notório que a ação foi só aumentando nos demais filmes da série, com cada um mais explosivo que o outro. Com trilha sonora característica de Michael Kamen e Eric Clapton, cheia de guitarras e saxofone, Máquina Mortífera é cinema de ação de qualidade, com elenco carismático e roteiro redondinho. Ao lado de Duro de Matar (1988) e Um Tira da Pesada (1984), faz uma bela trinca de filmes policiais com senso de humor. Que década foi a de 1980 para fãs deste gênero!

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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