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Sinopse

Depois que Bella se recupera do ataque de um vampiro que quase lhe tirou a vida, ela decide comemorar seu aniversário com Edward e a família dele. No entanto, um acidente lhe provoca um ferimento, deixando seu sangue exposto - uma visão que se mostra muito intensa para os Cullens. É quando decidem abandonar a pequena cidade de Forks, Washington, para a segurança deles. Inicialmente inconsolável, Bella encontra conforto em um antigo amigo, Jacob Black.

Crítica

Quem poderia prever que estávamos diante de um dos maiores sucessos do cinema mundial? Lua Nova, o segundo episódio da saga Crepúsculo, um dos filmes mais aguardados de 2009, superou qualquer expectativa em sua estreia: foi a terceira maior bilheteria no final de lançamento nos Estados Unidos, ficando atrás apenas de Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008) e Homem-Aranha 3 (2007)! Em duas semanas em cartaz, o faturamento global já se aproximava dos US$ 500 milhões! Um verdadeiro fenômeno de público. Mas merecia tudo isso? Após o término da projeção, o sentimento é, no mínimo, confuso.

Lua Nova custou quase o dobro de Crepúsculo (2008), mas ainda assim foi bem abaixo do orçamento de outras produções deste estilo em Hollywood – meros US$ 50 milhões, ou seja, um quarto de 2012 (2009), por exemplo. E esta ‘economia’ é bastante visível na tela. Apesar de ter mais efeitos visuais do que o filme anterior e de possuir mais momentos de ação, a longa duração e o excesso de personagens e subtramas só devem agradar os fãs mais ardorosos. Toda a grande massa, o espectador curioso que estiver atrás de uma boa história, de figuras cativantes e de dilemas realmente envolventes certamente irá se decepcionar. E isso é mortal, ainda mais se refletirmos que estamos diante um produto pop, e não de culto seleto. Assim como os adolescentes envolvidos pela paixão da garota indecisa entre um vampiro ausente e um lobisomem presente não conseguirão refrear os suspiros, todos os demais só conseguirão emular bocejos e mais enfado.

Bella (Kristen Stewart) é a heroína da ocasião, que no começo da história é abandonada pelo vampiro cavalheiro Edward (Robert Pattinson). Ele a deixa por temer não conseguir protegê-la de todos os perigos que sua espécie pode oferecer a uma humana. Mas a ausência do amado provoca nela uma depressão profunda. Este quadro é revertido quando Jacob (Taylor Lautner) aparece, querendo lhe proporcionar mais do que um sorriso quente e uma companhia bem humorada. Mas ela segue resistindo a todas as investidas dele. Ao menos até ficar sabendo que Edward está decidido a cometer suicídio. E, para impedi-lo, ela terá que atravessar o mundo e comprovar que o amor que os une não pode ser derrotado, não importando qual seja a distância entre eles.

Graças a esta rápida sinopse pode-se ter uma boa ideia das altas doses de açúcar do roteiro. Sim, em Lua Nova tudo é desesperado, intenso, limite. Estamos sempre na beira do precipício, como se cada instante fosse o último. Mas o mínimo de distanciamento é o suficiente para percebermos que o que temos é apenas uma fixação adolescente, algo tem tudo para ser passageiro e que qualquer um de nós já experimentou em algum ponto de nossas vidas. Mas se nesta fase acreditamos piamente que somos o centro do universo, como aqui poderia ser diferente?

O diretor Chris Weitz, ainda tentando se recuperar do frustrante A Bússola de Ouro (2007), assumiu a condução de Lua Nova após o desligamento da diretora Catherine Hardwicke. E ele não apresenta nada muito diferente do que ela havia feito. Ou seja, esta franquia é o típico caso de filme de estúdio, algo produzido em nome do geral, e não um trabalho de autor. Quem está por trás tomando as decisões não importa, desde que se contente o público-alvo. E, neste caso, este é formado por garotas entre 12 e 16 anos. Caso você não se enquadre neste espectro, a possibilidade de se frustrar é imensa.

O impressionante retorno financeiro da série possibilitou atrair atores mais interessantes para o elenco. Pena que todos são muito mal aproveitados. A ótima Dakota Fanning deve ter duas ou três falas, e mesmo assim é mais do que o que é oferecido a Michael Sheen ou a Cameron Bright (X-Men: O Confronto Final, 2006), por exemplo. O que importa mesmo é Stewart, Pattinson e Lautner. Ou melhor ainda: Bella, Edward e Jacob, o triângulo amoroso mais improvável e, ao mesmo tempo, óbvio, da temporada. Os personagens, criados pela autora Stephenie Meyer, são o foco de toda atenção, e tudo só existe ao redor e por causa deles.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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