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Sinopse

O casal divorciado Kate e Richard arma um divertido plano para tentar recuperar o dinheiro de sua aposentadoria que foi roubado por um empresário inescrupuloso.

Crítica

A fórmula de Um Plano Brilhante é bastante conhecida. São inúmeros os filmes que, assim como ele, mostram algo que precisa ser solucionado por divorciados. As situações são quase desimportantes, pois apenas justificam a reaproximação do par. Muitas brigas depois, e finalmente vem à tona o amor que se julgava perdido. Aqui, Pierce Brosnan interpreta um empresário vitimado pelo golpe do magnata francês que arruinou não apenas sua aposentadoria, mas o futuro de empregados e familiares. Ele recorre, então, à ex-esposa, vivida por Emma Thompson, mulher à procura de um novo romance (até mesmo através de sites de encontros) que topa meio a contragosto ir à Paris para tentar reaver o dinheiro surrupiado na negociata inescrupulosa (porém completamente legal).

Já de início dá para constatar que no “mundo” de Um Plano Brilhante as coisas são bem mais fáceis, pois as soluções caem uma atrás da outra no colo dos protagonistas. Uma vez na Cidade Luz, o ex-casal não terá grandes dificuldades para confrontar seu algoz, uma caricatura que faz chacota da desgraça alheia. O que pessoas comuns fariam? Na verdade não sei, mas dificilmente traçariam um plano que envolvesse o sequestro de um casal de texanos, a invasão da festa de casamento do “vilão” e o roubo de um diamante raro, de 10 milhões de dólares, como bem fazem os protagonistas, estes logo ajudados pelo simpático casal de vizinhos. E cada etapa do plano se desenrola tranquilamente, como se a sorte estivesse exageradamente sempre ao lado dos “mocinhos”.

Mas o que importa mesmo, como bem convém a esse tipo de filme, é a junção do ex-casal, entre rememorações do passado, brigas e a necessidade de aliarem forças em virtude de um bem comum. Nada novo também nessa seara. Brosnan e Thompson parecem se divertir na pele de personagens tão canastrões como desprovidos de profundidade. E quem há de condená-los? Se nós, muitas vezes, vamos ao cinema apenas por entretenimento, porque esses atores não poderiam aproveitar, a seu modo, um trabalho que exige muito menos do que o talento deles alcança? O fato é que Um Plano Brilhante resulta em algo tão genérico e desinteressante que o espectador terá de fazer muita força para se divertir durante a sessão.

O que salva, um pouco, é o personagem de Timothy Spall, o alívio cômico sempre cheio de contatos da época do exército. Mas mesmo ele não consegue dar substância às gags, no geral sem muita graça. Não faltam, por exemplo, piadas fracas sobre a situação física dos personagens, as dores nas costas, os joanetes que incomodam, enfim essas coisas que só estão ali para tentar mostrar a intimidade ainda viva do ex-casal. Não bastasse os acontecimentos do roteiro de Um Plano Brilhante serem completamente inverossímeis, e isso se acentua bastante quanto mais o fim se aproxima, a direção de Joel Hopkins é burocrática e sem qualquer habilidade para tornar tudo menos banal. Nem as dinâmicas amorosas se dão a contento nesse filme que, acredito, tende a cair rapidamente no esquecimento.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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