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Sinopse

Malu, Lúcia e Maria encontraram o homem ideal e planejam se casar. Até que elas descobrem que esse homem, na verdade, é o mesmo: Samuel, que vinha mantendo um namoro com todas elas nos últimos anos. As três terão que decidir se vão disputar entre si pela exclusividade ou unir-se pela vingança.

Crítica

No decorrer desta década, nomes como Leandro Hassum, Fábio Porchat, Heloísa Périssé e até Júlia Rabello tem se destacado no cenário da comédia cinematográfica nacional. Isso, no entanto, em grande parte se deve ao hiato deixado por Ingrid Guimarães, que desde 2010 vem acumulando um sucesso atrás do outro no gênero. Porém, desde sua participação quase especial em Minha Mãe é uma Peça (2013), a atriz se recolheu para um intervalo de quase dois anos de balanço pessoal. Um período, no entanto, que não deve ter provocado grandes efeitos em seu plano de carreira ou personalidade, pois ela põe fim a ele agora com a comédia Loucas pra Casar, título que não fica devendo em nada a seus trabalhos anteriores, ainda que seja visível seus esforços para ir além do lugar comum.

Atuando novamente sob o comando de Roberto Santucci e mais uma vez a partir de um roteiro de Marcelo Saback – dupla responsável por De Pernas pro Ar (2010) e De Pernas pro Ar 2 (2012) – Ingrid assume sua postura recorrente de mulher poderosa – é praticamente o mesmo personagem destes longas anteriores citados acima – mas agora investindo em uma porção bastante próxima àquela vista em Monica Martelli em Os Homens são de Marte... E é pra lá que eu Vou! (2014): afinal, de acordo com o pensamento feminino padrão – emulado através de uma ótica masculina – de que adianta ter sucesso, o emprego que sempre desejou, amigos por perto e uma boa família se seu coração está vazio? Ou, sendo mais preciso, se falta uma aliança em seu dedo?

Pois é exatamente isso que Malu (Guimarães) precisa: casar. Seu namorado, o belo Samuel (Marcio Garcia, sem conseguir compor as nuances que seu personagem exige), além de ser também seu patrão, tem o perfil exato de um solteirão inveterado – e, por que não, de um mulherengo incorrigível. Essa insegurança aumenta quando ela descobre não uma, mas duas amantes dele: Maria (Tatá Weneck), uma santinha carola recém saída da adolescência, e Lúcia (Suzana Pires), uma selvagem dançarina de boate bem experiente e fogosa. As duas, como se pode perceber por essa rápida descrição, são opostas entre si, com Malu no meio delas. E se cada uma forma o vértice de um triângulo, como saber qual das três ele irá preferir? E, num âmbito ainda maior, se cada uma representa um aspecto dele – ou será dela? – o mais adequado não seria ficar com todas?

Marcelo Saback, também conhecido como ator – seu último trabalho atuando foi como o melhor amigo gay da protagonista de Odeio o Dia dos Namorados (2013) – tenta propor um roteiro mais elaborado, com reviravoltas que deixariam M. Night Shyamalan (o diretor de O Sexto Sentido, 1999) orgulhoso. No entanto, estas estruturas narrativas são frágeis, incapazes de sustentar uma análise mais profunda. O que sobra, portanto, é uma combinação de outros títulos recentes, como Mulheres ao Ataque (2014), com outros recursos há muito explorados tanto no cinema como na televisão – ir além, neste caso, estragaria a “surpresa” final, ao menos para aqueles que não prestarem atenção às inúmeras pistas espalhadas por todo a trama, como as fantasias dos apaixonados, as improváveis ‘coincidências’ dos encontros entre elas, o problema da mãe da protagonista ou mesmo os nomes das três mulheres. 

Construído de uma maneira bastante convencional – a ação começa em uma situação extrema, para então retomar suas história meses antes e explicar, de forma didática, os eventos que levaram cada uma das personagens até aquele ponto – Loucas pra Casar é filme feito para ser assistido sem compromisso e, do mesmo jeito, ser esquecido logo em seguida. Ingrid Guimarães compõe com eficiência esse tipo de mulher insegura, em que tudo pode estar tão certo quanto errado, e Suzana Pires e Tatá Werneck defendem bem os tipos que lhes cabem. Márcio Garcia, no entanto, tem pouco a oferecer além da estampa de galã, enquanto que nem Santucci ou muito menos Saback parecem ser capazes de algo mais elaborado. E se esse é o máximo que esta turma tem a oferecer, definitivamente não há como esperar nada de muito diferente.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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