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Sinopse

No ano de 1810, um naufrágio leva à falência um comerciante, pai de três filhos e três filhas. A família se muda para o campo e Bela, a filha mais jovem, parece ser a única a se entusiasmar com a vida rural. Quando o pai de Bela arranca uma rosa do jardim de um palácio encantado, ele é condenado à morte pelo dono do castelo, um monstro. Para salvar a vida do pai, Bela vai jantar com o mostro diariamente. Lá, encontra uma vida cheia de luxo, magia e tristeza e aos poucos descobre o passado da Fera. O monstro se sente cada vez mais atraído pela jovem moça, que usará de toda a sua coragem para destruir a maldição que atormenta seu estranho admirador.

Crítica

De seriado para a televisão a desenho, a história de A Bela e a Fera foi contada uma série de vezes. Na melhor delas, na adaptação feita por Jean Cocteau e René Clement, nos anos 1940. Por isso a surpresa quando anunciaram a versão de Christophe Gans. Diretor francês desconhecido do grande público, Gans não emplacou nenhum dos seus três longas, mesmo O Pacto dos Lobos (2001), o melhor deles.

As perguntas, então, seriam inevitáveis. O que o cineasta teria para acrescentar ao refilmar uma história tão conhecida? Haveria algo diferente ou apenas uma revitalização, digamos assim? As perguntas pairam até os primeiros momentos do filme, quando André Dussollier, Vincent Cassel e Léa Seydoux assentam o tom da narrativa. Grandioso e espetacular são adjetivos que definem bem o que encontramos em tela. A aposta de Gans foi a de recontar a história investindo no seu potencial de superprodução. E não é difícil sentir esta ambição quando as sequências em meio à floresta lembram cenas de O Senhor dos Anéis, quando a trilha é acionada de pouco em pouco tempo na tentativa de adicionar dramaticidade – e que luta para não ser artificial – ou, ainda, quando os efeitos especiais tomam conta do filme, como na cena em que Léa é flechada, transparecendo a indireta para que prestemos atenção, porque nenhuma outra adaptação tinha tantos recursos gráficos e cênicos.

Exceto pelas passagens de livre inspiração, o roteiro de Gans em parceria com a estreante Sandra Vo-Anh mantém o percurso esperado. A atenção está mesmo em destacar ou dar espaço para sequências que possam demonstrar o poderio dos efeitos especiais. Nada errado com isso, digna-se de passagem. Ainda que um fã de Cocteau deva se decepcionar frente à história, Gans consegue conduzir uma direção homogênea, sem altos e baixos, registrada no tom fabular – ainda que por vezes force o limite do gênero.

Tem que se considerar que muito do público de hoje jamais assistiu à versão de Cocteau, tendo na memória apenas A Bela e a Fera (1991), o desenho da Disney que realizou a façanha de ser indicado ao Oscar de Melhor Filme. Sem desvirtuar as virtudes da trama, Gans consegue fazer com que a história envolva a plateia, seja pela enredo que se desdobra, por vezes, atravancado, seja pela força das imagens e dos planos que despontam em tela.

Seguindo o resultado dos trabalhos anteriores – muito mais modestos e que nada tem a ver com o que vemos aqui – Gans desvia dos possíveis percalços e faz com que o seu A Bela e a Fera seja um filmem correto, com características interessantes e um ou outro momento acima da média.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul, e da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Tem formação em Filosofia e em Letras, estudou cinema na Escola Técnica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Acumulou experiências ao trabalhar como produtor, roteirista e assistente de direção de curtas-metragens.
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