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Sinopse

Durante as comemorações anuais da vitória dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, o Sr. Miyagi descobre que a viúva de um velho amigo tem uma neta. A garota perdeu os pais e está enfrentando uma fase difícil. Para ajudá-la a superar esse trauma, ele decide treiná-la em artes marciais, e encontra nela um talento promissor.

Crítica

Não fosse o título e o retorno de Pat Morita como Sr. Miyagi, seria difícil reconhecer esta sequência como parte da série Karate Kid. Único filme a ser realizado sem a direção de John G. Alvidsen e sem a presença de Ralph Macchio como Daniel Larusso, Karate Kid 4: A Nova Aventura surge como uma tentativa desesperada de reviver a franquia, mesmo depois do relativo fracasso do filme anterior. Nesta quarta parte da série, Miyagi vai a Boston para participar de um evento que homenageia o batalhão do qual fez parte durante a Segunda Guerra Mundial. Lá ele encontra Louisa Pierce (Constance Towers), viúva de seu tenente, e sua neta, a adolescente rebelde Julie Pierce (Hilary Swank). Na ausência de Louisa, Miyagi acaba tornando-se o responsável por Julie e passa a ensinar a garota a controlar sua raiva e aprimorar-se na arte do caratê, algo que ela aprendeu quando criança com seu falecido pai.

Apesar do carisma de Ralph Macchio ter sido uma parte muito significativa do sucesso da franquia, sua ausência não é o que mais fere esta continuação. Nenhuma explicação é dada a respeito de Daniel e ele é apenas brevemente mencionado, mas nada disso seria um problema se o filme conseguisse estabelecer uma personagem interessante como o jovem aprendiz dos filmes anteriores. O roteiro de Mark Lee é tão preguiçoso e atrapalhado que nem a atuação competente da novata Hilary Swank foi capaz de dar alguma dimensão à personagem principal.

Se antes a transformação de Miyagi numa figura paterna do aprendiz era algo que acontecia organicamente na história, aqui ela é forçada e artificial, demonstrada por momentos bobos e repletos de clichês, como a cena em que ele ameaça o rapaz que levará Julie ao baile da escola, como faria um pai superprotetor. Todo o charme dos três filmes anteriores – particularmente o primeiro – estava na oportunidade de ver a bela amizade entre mestre e aprendiz florescer por meio dos ensinamentos de caratê. No caso do quarto filme, esse relacionamento é reduzido a algumas sequências sem muita profundidade nas quais o treinamento é apenas mero detalhe. Daniel-san recebe a sabedoria de Miyagi na forma de lições de caratê. A Julie-san resta um belo vestido para o baile.

Já os vilões são um caso à parte. Numa franquia que parece se esforçar para criar antagonistas mais caricatos a cada filme, os membros da Alpha Elite conseguem a proeza de parecer ainda mais ridículos do que Terry Silver, vilão do filme anterior. Diferentemente de Silver, que fazia questão de explicar suas motivações e planos em detalhes, Coronel Dugan (Michael Ironside) e seus alunos não oferecem nenhuma justificativa para suas ações, levando o espectador à conclusão de que eles são simplesmente maus. Não fica claro nem ao menos o que é a Alpha Elite ou se ela tem alguma função além de ameaçar Julie e seu interesse amoroso, Eric (Chris Conrad). Como se não bastasse o enredo fraquíssimo, o roteiro ainda inclui várias cenas que não contribuem para seu andamento, como as sequências em que monges dançam ao som de The Cranberries e jogam boliche. Há, ainda, momentos que até parecem servir para avançar a história, mas que simplesmente não fazem o menor sentido e beiram o ridículo: o pior deles talvez seja o que mostra três membros da Alpha Elite saltando de bungee jump no meio do baile sem razão aparente.

Trazendo pequenas referências ao filme original que servem apenas para lembrar o espectador de que aquilo é parte da franquia Karate Kid, o filme perde a chance de trazer uma nova perspectiva à série, criando algo suficientemente familiar para convidar o público, mas fraco demais estruturalmente para se sustentar. Até Miyagi, a única constante nos quatro filmes, parece ter esquecido sua essência. O mesmo personagem que sempre reforçava que caratê não era sobre ganhar ou perder é o que encerra este filme dizendo a Julie: “Se for necessário lutar, ganhe”. A coerência, aparentemente, desapareceu como Daniel-san.

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cursa Jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo e é editora do blog Cine Brasil.
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Marina Paulista
5
Chico Fireman
1
MÉDIA
3

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