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Sinopse

A maré de azar na vida do criminoso Jack Monahan parece com os dias contados a partir do momento em que conhece Ripley, um experiente ladrão a quem convida para um ousado roubo. Mas, será que alguém é confiável?

Crítica

Estreando nos cinemas brasileiros antes mesmo de entrar em cartaz nos Estados Unidos, Jogo Entre Ladrões é mais um dentre tantas produções do tipo “ladrão que rouba ladrão...”: você já viu isso milhares de vezes, mas ainda assim segue se perguntando como eles conseguem bolar assaltos tão mirabolantes? O que está na mira dos protagonistas interpretados por Morgan Freeman – o veterano em busca de um novo parceiro – e Antonio Banderas – o novato (?!?) que precisa de um mestre para guiá-lo – são dois raríssimos ovos fabergés em posse da multipoderosa joalheria russa Romanov, em Nova York. E durante a elaboração do plano, o cardápio de sempre, sem uma única surpresa: um dama fatal e indefesa, um poderoso chefão cobrando uma antiga dívida, um velho e obsessivo policial que ainda acredita nas antigas tradições e uma série de reviravoltas tão difíceis de acreditar quanto o próprio enredo em si. Mas isso tudo já não sabíamos de antemão?

Dois tipos de espectadores aceitam se aventurar numa sessão de Jogo Entre Ladrões: os fãs do atores principais e os apreciadores do gênero. No primeiro caso, o conselho é esperar que o oscarizado Freeman apareça em melhores companhias, como no ótimo Batman – O Cavaleiro das Trevas ou no simpático Antes de Partir (que ao menos tinha Jack Nicholson!). Já quanto à Banderas o melhor é largar as esperanças de lado. Ele simplesmente perdeu a vergonha, e aqui repete descaradamente o mesmo personagem do recente Mais do que Você Imagina! O melhor mesmo é apenas ouvi-lo, como na série animada Shrek, ou quem sabe sob melhor direção, como no projeto de Woody Allen previsto para 2010?

Agora, quem é fã de filmes que tem como foco bandidos, as armações entre eles e golpes engenhosos, a notícia também não é alentadora: Jogo Entre Ladrões é ruim sob qualquer aspecto de análise. A diretora Mimi Leder estava sem se arriscar na tela grande, preferindo o conforto da telinha, há quase uma década, desde o catastrófico A Corrente do Bem (2000). Ela até pode se sair razoavelmente bem em produções descerebradas de ação, como Impacto Profundo (1998) e O Pacificador (1997) que não ficam na memória de ninguém mas também não fazem a pipoca engasgar, mas é só tentar abordar um tema um pouco mais sério que os problemas começam. É só ver seu desempenho aqui: o material é tolo, clichê e previsível, mas mesmo assim requer um pouco de carisma e desenvoltura na sua execução – dois requisitos que ela obviamente não possui.

Jogo Entre Ladrões teve um orçamento de US$ 25 milhões, o que é relativamente baixo para os padrões hollywoodianos, e deverá conseguir cobrir seus custos, nem que seja com a ajuda do mercado internacional. Ou seja, não irá prejudicar a carreira de nenhum dos envolvidos, mas também não servirá como impulso pra ninguém! Principalmente porque serão poucos os que perderão seu tempo assistindo a esta porcaria, e menos ainda os que conseguirão se lembrar de qualquer coisa no dia seguinte. Cinco palavras: Banderas, aposentadoria; Freeman, dignidade; Leder, incompetência; você, fuja; e eu, amnésia!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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