Crítica


2

Leitores


4 votos 5

Onde Assistir

Sinopse

João e Maria se tornam vigilantes determinados a defender seu povo. Em determinado momento, eles passam a ser caçados e terão de enfrentar algo muito mais assustador do que bruxas e monstros: seu passado!

Crítica

O universo dos contos de fada parece ser a grande tendência do momento em Hollywood, tanto no cinema quanto na televisão. O grande problema para o público, no entanto, é se questionar quanto tempo irá levar para se darem conta de que os clássicos não devem ser importunados levianamente. Pois após os desastres registrados nas recentes versões de Chapeuzinho Vermelho (A Garota da Capa Vermelha, 2011) e da Branca de Neve (Espelho, Espelho Meu e Branca de Neve e o Caçador, ambas de 2012), os próximos da lista a serem despedaçados cruelmente pelos atuais contadores de histórias são os irmãos que, abandonados pelos pais no meio da floresta, encontram uma casa mágica, feita de doces, e enfrentam uma bruxa má – moradora do local – para conseguirem o esperado final feliz. O que acontece depois disso é que eles crescem e se transformam em João e Maria: Caçadores de Bruxas, ou ao menos é o que querem que a gente acredite a partir de agora.

No conto original dos irmãos Grimm, João e Maria são abandonados ainda crianças pelo pai, um pobre lenhador, porque a família não tem condições de criá-los. No caminho para a floresta onde são deixados, os dois disfarçadamente vão espalhando migalhas de pão pelo caminho, para que assim possam encontrar o caminho de volta., mas estas são comidas pelos animas, deixando-os perdidos. À esmo e sem terem para onde ir, encontram essa casa feita inteiramente de doces e passam a comer as guloseimas, tamanha é a fome que sentem. Mas a dona do lugar, uma assustadora bruxa, os captura, trancando João numa gaiola para engordá-lo até o momento de devorá-lo, e usando Maria como empregada doméstica. Os dois descobrem os planos da malvada e, num golpe de sorte, conseguem jogá-la dentro do próprio caldeirão. Livres, reencontram o pai e passam a morar juntos e felizes na cada adocicada, garantindo provisões suficientes para o resto de suas vidas.

Pois é exatamente neste ponto, “o resto de suas vidas”, em que se desenvolve a história de João e Maria: Caçadores de Bruxas. Aliás, até um pouco antes, pois após se livrarem da primeira bruxa que cruza seus caminhos, decidem seguir nessa jornada, adquirindo cada vez mais experiência sobre como eliminá-las. Na Idade Média, quando a história se passa, bruxas são verdadeiras pragas, e aqueles que se dispõem a enfrentá-las com sucesso são muito bem pagos. E é visando esse retorno financeiro que os irmãos irão arriscar seus pescoços. Mas não só isso, claro. Eles querem saber o que de fato aconteceu com seus pais – afinal, nenhum protetor apareceu como mágica no final da história para salvá-los. E, sozinhos, precisam descobrir também qual a razão das bruxas estarem sequestrando crianças às vésperas de um aguardado eclipse lunar.

Jeremy Renner (cada vez mais com pose de astro) e Gemma Arterton (com pouco o que fazer e com bem menos destaque do que o ele) interpretam os personagens-título já adultos, mas o filme só ganha mesmo alguma graça quando a linda – e geralmente mal aproveitada – Famke Janssen (a Jean Grey de X-Men 3: O Confronto Final, 2006) aparece, mostrando que uma rainha bruxa não pode ser derrotada tão facilmente. No resto temos um cineasta – o novato Tommy Wirkola – sem a menor noção do que fazer, muito barulho e explosões sem sentido, um enredo que mais parece uma colcha de retalhos de tantos clichês, e uma produção cujo melhor paralelo seria o igualmente insuportável Van Helsing (2004), aquela bobagem estrelada por Hugh Jackman como um caçador de vampiros todo modernoso. E acreditem: essa não é uma boa comparação!

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar
é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
avatar

Últimos artigos deRobledo Milani (Ver Tudo)

Grade crítica

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *